Kabila é o principal favorito nas presidenciais da RDC
24 de novembro de 2011O presidente Joseph Kabila foi eleito pelo seu povo nas primeiras eleições livres realizadas na República Democrática do Congo, em 2006. No entanto, já ocupava o cargo desde 2001. As expectativas do povo congolês e da comunidade internacional eram elevadas depois do ato eleitoral. E Kabila foi generoso nas promessas – mais e melhores estradas, água potável, eletricidade, educação, cuidados de saúde, empregos com fartura, mas acima de tudo, paz.
Promessas por cumprir
As promessas, num país devastado por longos anos de guerra civil, ficaram muito aquém das expectativas. Segundo Denis Tull, especialista em política congolesa da Fundação Ciência e política de Berlim, "o balanço do governo Kabila é relativamente pobre. Os progressos económicos e sociais são muito fracos. A pobreza é enorme. Os programas económicos de desenvolvimento praticamente não foram executados”.
O país é muito rico em minerais e matérias primas como ouro. A economia até cresceu 7 por cento, mas nada chegou aos bolsos do povo congolês. O desemprego é imenso. O país é o ultimo classificado no índice de desenvolvimento da ONU, na posição 187. O rendimento per capita queda-se por uns magros 280 dólares por ano. A esperança de vida é de 48 anos. Como termo de comparação, um alemão vive em media 80 anos e ganha anualmente cerca de 35 mil dólares.
Corrupção explica a impopularidade de Kabila no leste da RDC
Para o analista alemão Denis Tull a corrupção endémica é uma das razões do insucesso. A falta de segurança pública e as máfias locais explicam o resto. “Em vastas zonas do país existem gangues e bandos armados. Muitos, e por vezes ate setores do exercito, atuam por conta do crime organizado. A precariedade da vida é assustadora. As pessoas são frequentemente atacadas. A paz não existe e esta é uma das razões que explica a impopularidade de Kabila no leste do Congo”.
Na opinião deste especialista da Fundação Ciência e Política, de Berlim, não existe um perigo iminente de guerra civil, mas na região oriental da RDC a insegurança é permanente.
Hipóteses limitadas para os restantes candidatos
Joseph Kabila chegou ao poder em 2001, após o assassínio do seu pai e antecessor no cargo Laurent Kabila. Joseph, então com apenas 30 anos, não tinha experiência política. Contudo, tivera um papel muito ativo como jovem oficial do exercito na rebelião de 1996 contra o então presidente Mobutu.
Com a morte do pai, Laurent entrou na alta roda da política. Em 2002, com a assinatura dos acordos de paz que puseram termo à guerra civil, revelou sagacidade e diplomacia ao conseguir convencer a comunidade internacional a conceder-lhe 90 por cento dos 450 milhões de dólares que custaram as primeiras eleições livres. O maior beneficiário foi o próprio Laurent que, em 2006, ganhou as eleições.
A generalidade dos analistas acha que, no escrutínio eleitoral de dia 28, a historia se vai repetir. As possibilidades dos restantes 10 candidatos são muito limitadas. Nem o mais experiente adversário de Laurent Kabila, Etienne Tshisekedi, terá grandes hipóteses, pelas modificações constitucionais impostas pelo actual presidente. A partir de agora as eleições disputam-se apenas em uma volta e a vitória é conseguida com maioria simples.
Tom Wilson da organizacao Control Risks, com sede em Londres, acha que os dados estão lançados para uma vitória nem que seja na secretaria. “„Eu não imagino nenhum cenário, no qual Kabila e o seu partido percam o poder. Se necessário eles vão recorrer aos tribunais - supremo ou constitucional – para novas contagens de votos, e assim assegurarem a vitoria. Isto pode gerar violência e instabilidade”.
A atmosfera política no Congo é tensa. O procurador do Tribunal Penal Internacional, Luis Moreno Ocampo já ameaçou Kabila e os seus apoiantes. Eventuais atos de violência pós-eleitoral no país não serão tolerados. Os culpados serão perseguidos e levados a tribunal.
Autor: Dirke Köpp / Pedro Varanda de Castro
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha