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Jovens em Angola prometem novas manifestações

Issufo, Nádia Adamo3 de janeiro de 2013

Jovens do Movimento Revolucionário de Angola não excluem a hipótese de realizar novas manifestações a qualquer momento. Os protestos dos jovens no país incentivam cada vez mais angolanos a sair às ruas, diz jornalista.

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Em Angola, o Movimento Revolucionário não descarta a possibilidade de organizar uma nova manifestação contra o governo, mas garante que tal não será para breve. De acordo com o membro do movimento, Hugo Calumbo, agora o momento é de recarregar as baterias.

O grupo organizou uma manifestação no passado dia 22 de dezembro em Luanda para exigir da polícia uma explicação sobre o desaparecimento de Isaías Cassule e Alves Kamulingue, em maio do ano passado, durante uma manifestação contra o regime. Na última manifestação, foram detidos seis membros do Movimento Revolucionário.

O jovem ativista Hugo Calumbo falou à DW África.

Hugo Calumbo (HC): Ainda não está previsto sairmos à rua assim tão cedo. Há várias informações a circular que dizem que vamos sair às ruas daqui a uns dias, mas isso não é verdade. Saímos da cadeia há poucos dias. Estamos a tentar recuperar física e psicologicamente para depois nos engajarmos nos nossos compromissos.

Não está descartada a possibilidade de voltamos a sair à rua a qualquer momento. Mas ainda não há uma data prevista.

DW África: A manifestação, caso seja feita, será legal, tal como a primeira?

HC: Claro que sim. Nós sempre nos pautamos pelo cumprimento da lei. Caso haja uma manifestação, é evidente que nós o vamos anunciar às autoridades competentes, à luz da lei.

DW África: Apesar das manifestações e dos apelos da sociedade civil, a polícia nada diz sobre o paradeiro de Isaías Cassule e de Alves Kamulingue. Acha que eles ainda estão vivos?

HC: Eu, pessoalmente, tenho uma opinião diferente e acredito que ainda estão vivos. Falta apenas um pouquinho mais de pressão por parte da sociedade em geral para reivindicar que se faça tudo para se pronunciar sobre o paradeiro dos nossos companheiros.

Infelizmente, o medo domina a maior parte do povo angolano e, por isso, não temos conseguido arrancar uma resposta positiva por parte das entidades e do governo.

Opinião diferente sobre o destino dos dois desaparecidos tem o jornalista e um dos autores do livro "Os Meandros das Manifestações em Angola", Coque Mokuta:

Coque Mokuta (CM): Eu tenho feito investigações sobre os dois jovens constantemente e acredito que já não estão vivos. Agora, cabe às autoridades trazerem novos dados e informações mais concretas sobre o que na verdade lhes terá acontecido.

Os jovens têm parentes que dão alguma explicação sobre isto. Mas se José Eduardo dos Santos é um bom pai, deverá dar explicações aos seus filhos: "eles estão aí, eles morreram por isso, aconteceu isso com eles…"

Entretanto, momentos muito sensíveis, como o período eleitoral, já passaram e não trouxeram qualquer pista [sobre o paradeiro de Isaías Cassule e Alves Kamulingue]. Por isso é que acredito que eles já morreram.

DW África: As manifestações em Angola terminam quase sempre da mesma maneira. Ou são abortadas, antes mesmo de começarem, ou há detenções ou repressões. Acha que, ainda assim, elas conseguem atingir os seus objetivos?

CM: Os objetivos das manifestações são, normalmente, muito concretos. É, na verdade, para protestar sobre um determinado assunto. Quando os manifestantes dizem que vão protestar sobre o desaparecimento do Kamulingue e chegam até ao 1º de maio e são reprimidos, acabam por chamar a atenção em relação a isso. Por isso, acho que atingem os seus objetivos.

Agora, é de sublinhar que o movimento vai crescendo. As pessoas vão ficando cada vez mais esclarecidas sobre este fenómeno e a população manifestante vai aumentando. Daqui para a frente, as manifestações serão feitas de forma sectorial. Hoje mesmo, aqui na caixa social das Forças Armadas, os ex-militares voltaram a reclamar os seus direitos. Ou seja, os jovens deram uma luz e assim, de forma sectorial, vão existindo vários movimentos, que, possivelmente, ainda se vão alastrar.

Autora: Nádia Issufo
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha