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Jovens africanos à frente da mudança no continente

Thomas Mösch / Guilherme Correia da Silva2 de abril de 2013

Da África do Sul ao Gana, passando pelo Uganda. A juventude africana quer mudanças no continente. À DW, actores políticos jovens e idosos falaram desta tendência.

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Jovens africanos à frente da mudança no continente
Jovens africanos à frente da mudança no continenteFoto: Fotolia/Elenathewise

No norte de África, foram sobretudo os jovens que ajudaram a derrubar os velhos regimes. Já a sul do Sahara não houve nenhuma revolução deste género. Isto, apesar do elevado nível de pobreza e de muita gente não ter quaisquer perspectivas de futuro. E apesar da vontade de mudança de muitos jovens ser grande.

Mkhuleko Hlengwa é um deles. Quando, em Fevereiro, chegou à Cidade do Cabo, na África do Sul, para a abertura do Parlamento, o jovem de 25 anos fez com que muitos olhos se voltassem para ele. O mais jovem deputado vestia um fato preto, que contrastava com o laço vermelho e os ténis, também vermelhos. Na lapela, trazia um crachá onde estava escrito: "Não à violação". A mensagem de Hlengwa era clara: "sou jovem, confio em mim próprio e vou focar a minha atenção naquilo que é importante para os jovens."

Mkhuleko Hlengwa é o mais hovem deputado do parlamento da África do Sul e quer focar os problemas da juventude
Mkhuleko Hlengwa é o mais hovem deputado do parlamento da África do Sul e quer focar os problemas da juventudeFoto: DW

Apelo aos jovens sul-africanos

Hlengwa tem como opositor político um peso pesado na África do Sul, o ANC, que está no poder. No seu partido, o Inkatha Freedom Party, (o IFP), ser novo ou velho é uma questão que não se põe. "Eles percebem que aqui não se trata da idade, mas do trabalho que tem de ser feito", explica.

Hlengwa quer que os jovens sul-africanos arregacem as mangas e tenham um papel activo na vida do país. E quer também que peçam responsabilidades aos políticos pelas suas acções. Combater a violência contra as mulheres é uma prioridade. Só no ano passado foram reportados à polícia 64 mil casos de violações na África do Sul. As organizações de defesa dos direitos humanos temem que o número real seja bastante maior.

Combater o desemprego e melhorar a educação são também dois cavalos de batalha de Hlengwa. A percentagem de jovens desempregados ronda neste momento os 50% – e se continuar assim, a África do Sul poderá cair em terreno movediço. O jovem político exemplifica: "O caso do nosso vizinho, o Zimbabwe, mostra como os direitos humanos são desprezados e o país colapsou. A África do Sul poderá seguir o mesmo caminho se não levar a sério os problemas e os pontos de vista dos jovens."

O ugandês Yusuf Kiranda, de 31 anos, quer alternativas para o país que incluam a participação da juventude
O ugandês Yusuf Kiranda, de 31 anos, quer alternativas para o país que incluam a participação da juventudeFoto: DW

Juventude do Uganda também te algo a dizer

Yusuf Kiranda, do Uganda, tem uma opinião semelhante. Ele tem 31 anos e trabalha em Kampala para a Fundação Konrad Adenauer, uma fundação alemã que promove a democracia e a cidadania. Kiranda está a apoiar um grupo de jovens líderes ugandeses que tenta desenvolver soluções alternativas para os actuais problemas políticos do país.

O desemprego jovem é também o maior problema no Uganda, diz Kiranda. Para os jovens, o futuro é incerto. E o Governo não faz nada para mudar isso.

"Os jovens estão fartos da corrupção no sector público. Dinheiro que inicialmente estava previsto para programas para habilitar a população jovem, é desviado para outros canais", denuncia, sublinhando que "o Governo não faz nada para garantir que aqueles que desviam os fundos públicos sejam responsabilizados ou devolvam o dinheiro".

Kiranda queixa-se que os políticos mais velhos não entendem que os jovens não querem falar só sobre o futuro. Os jovens também querem ter uma palavra a dizer sobre o que se passa no presente.

Jovens estão a ganhar terreno

Um desses políticos "mais velhos" de que Kiranda fala é John Kufuor. Kufuor é ex-presidente do Gana e tem 74 anos. Mas contradiz essa visão, de que os jovens não são chamados a participar na vida política. Segundo ele, no seu país, os jovens estão a ganhar influência. A idade já não é uma barreira.

"O Parlamento do Gana tem hoje 275 deputados. E certamente que mais de metade deles tem menos de 40 ou 45 anos. Os mais jovens têm acesso ao poder e influência", afirma Kufuor, concluindo que "a África está a mudar muito rapidamente, está-se a abrir".

Para John Kufuor, são jovens africanos como Mkhuleko Hlengwa ou Yusuf Kiranda que serão estarão à frente dessa mudança. E não serão facilmente silenciados. Segundo Hlengwa, a geração mais velha terá de fazer melhor o seu trabalho no futuro. Se isso não acontecer, terão de pegar nas suas coisas e ir-se embora, diz.

John Kufuor acredita que o movimento de mudança no continente africano será liderado pelos jovens
John Kufuor acredita que o movimento de mudança no continente africano será liderado pelos jovensFoto: picture-alliance/dpa

Jovens africanos à frente da mudança no continente