Jornalistas moçambicanos denunciam intimidações
22 de agosto de 2019Os jornalistas das províncias moçambicanas de Gaza e Inhambane reuniram-se na cidade de Inhambane para apreciar o Código de Conduta para a Cobertura Eleitoral. Moçambique prepara-se para eleger, a 15 de outubro, o Presidente da República, 250 deputados para o Parlamento, os membros das assembleias provinciais e, pela primeira vez, os governadores das províncias.
Entretanto, durante o evento, foram reportados casos de intimidação da classe jornalística – como, por exemplo, revelar as fontes em tribunal.
Anastácio Chirute, repórter do semanário "Dossier e Facto", em Inhambane, disse à DW África que juntamente com outros colegas já foi obrigado a interromper entrevistas, tendo de seguida de apagar fotos e áudios. Por isso, considera que existe um mau ambiente de trabalho.
"Fomos interrompidos e não devíamos proceder as entrevistas e devíamos apagar tanto as fotos quanto as entrevistas," recorda. "Isso realmente não nos deixa confortáveis, porque o setor da justiça precisa entender a liberdade de imprensa", avalia.
Carlos Matsinhe, jornalista da província de Gaza, afirma que é preciso conhecer os limites da liberdade de imprensa para se evitar intimidações da classe jornalística. "Mas também percebemos em algum momento quando é que podemos ser intimidados e quando não podemos ser intimidados. Estamos minimamente preparados para fazer face a este desafio de intimidações, sobretudo no processo eleitoral", considera.
O que fazer?
Alexandre Matsimbe, presidente do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA) em Inhambane, afirma que é difícil combater na totalidade os casos de intimidações aos jornalistas. Por isso, há necessidade de contratar um assistente jurídico para atender a este tipo de situação.
"É difícil eliminar este tipo de conflito porque estão em jogo muitos interesses: das fontes, do Estado e do próprio jornalista. Então, há contratação de um assistente jurídico para estar atento", sugere.
Daniel Chapo, governador de Inhambane, concorda com a necessidade de deixar os jornalistas trabalharem livremente durante o exercício das suas funções, como está estipulado na lei.
"Há a necessidade de continuarmos a disponibilizar a informação à imprensa, sobretudo no que toca ao cumprimento da lei. É importante que o jornalista tenha as fontes de formação", conclui.