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Jornais alemães destacam campanha eleitoral tensa na RDC

25 de novembro de 2011

Além das eleições na República Democrática do Congo (28.11.), a nova "Lei de Proteção das Informações do Estado" na África do Sul e a presença de tropas etíopes na Somália marcaram a semana na imprensa alemã.

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Campanha eleitoral na República Democrática do Congo foi tema de destaque nos jornais de língua alemã esta semana
Campanha eleitoral na República Democrática do Congo foi tema de destaque nos jornais de língua alemã esta semanaFoto: Simone Schlindwein

"O presidente Kabila fez muito para continuar presidente do Congo. Mandou alterar a Constituição, bloqueou a oposição e comprou apoiantes fiéis.Os opositores incitam à violência. Ou então, arrancam dentes." Assim escreveu o Frankfurter Allgemeine Zeitung na sua edição de quarta-feira, dia 23 de novembro.

Na próxima segunda-feira, 32 milhões de congoleses deverão eleger o seu presidente bem como um novo parlamento. Citando o Frankfurter Allgemeine Zeitung, "se tudo correr bem". Depois do escrutínio de 2006, estas serão as segundas eleições democráticas num dos maiores países de África desde a sua independência da Bélgica em 1960.

Entretanto, existem "cerca de 500 partidos oficiais"; aos 500 assentos no parlamento concorrem, de acordo com o mesmo diário de Frankfurt, 19 mil indivíduos. Como escreveu o jornal, "parece ter corrido a notícia de que, na política congolesa, se pode enriquecer muito em muito pouco tempo". Em reportagem, Thomas Scheen descreveu que "os boletins de voto mais parecem livros de voto devido ao elevado número de candidatos".

Na corrida à chefia do estado estão 11 candidatos. Entre eles, o presidente cessante, Joseph Kabila. Na campanha eleitoral, alguns deles terão recorrido a ideias um tanto originais, de acordo com a reportagem do Frankfurter Allgemeine Zeitung do dia 23.11. Tudo para chamarem a atenção: desde carros enfeitados com imagens dos políticos, em cima dos quais dançavam mulheres "com roupa leve" ao som de música "exageradamente alta", a estratégias como arrancar dentes na via pública.

E, pelo menos um, o favorito entre a oposição, Etienne Tshisekedi, da União para a Democracia e Progresso Social (UDPS), incita à violência – seja invadindo a cadeia central da capital Kinshasa para libertar apoiantes seus, detidos por tentarem incendiar o edifício da Comissão Eleitoral Nacional Independente ou por ameaçar transformar o Congo numa "segunda Líbia". Em suma, "o início pacífico da campanha eleitoral parece esquecido".

Uma lei que emudece

"Lei de Proteção das Informações do Estado" reaviva memória do apartheid na África do Sul
"Lei de Proteção das Informações do Estado" reaviva memória do apartheid na África do SulFoto: dapd

O Parlamento da África do Sul aprovou na terça-feira (22.11) uma lei que irá restringir a liberdade de imprensa no país. A nova "Lei de Proteção das Informações do Estado" poderá levar à condenação, com penas de até 25 anos de prisão, dos jornalistas que publicarem informações de documentos considerados secretos pelas autoridades. O Consórcio de Organizações Não Governamentais sul-africano, NPC, citado pelo Süddeutsche Zeitung de Munique, "falou de censura estatal".

O documento – em inglês, "Protection of State Information Bill" ou, como também foi chamado, "Secrecy Bill" – foi aprovado por 229 votos contra 107 num parlamento de 400 deputados. O Tageszeitung foi direto ao assunto, ao intitular o seu artigo de "Aquele que desvenda escândalos, é penalizado".

No texto, o diário de Berlim lembrou que "o facto de o partido no poder, ANC"; que tem a maioria no parlamento, "não se desviar da lei, reavivou em muitos sul-africanos a memória dos tempos do regime do (de segregação racial do) apartheid e daquela que ficou na história como quarta-feira negra de 19 de outubro de 1977". Naquela data, o regime do apartheid, governado por minoria branca, ilegalizou vários jornais que se mostravam apoiantes do movimento de libertação da população negra.

Frente frágil na Somália

"Várias centenas de soldados etíopes terão passado a fronteira para a Somália em camiões e carros blindados". Ainda na segunda-feira (21.11), Adis Abeba, citada pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung, referia-se a relatos deste género como produtos da imaginação das alegadas testemunhas; no decorrer da semana, contudo, já a imprensa internacional noticiava que as Nações Unidas lançavam avisos quanto ao envio das mesmas tropas pelo governo etíope para o país vizinho.

De acordo com a ONU, a medida tomada para combater os rebeldes islamistas na Somália poderia piorar aquela que, já por si, é uma das mais severas crises humanitárias do mundo atualmente.

No âmbito da intervenção na Somália, já antes, o suíço Neue Zürcher Zeitung escrevia que o Quénia pretendia integrar os seus homens, enviados para a Somália numa operação independente em meados de outubro, na missão da União Africana para o país, AMISOM. Duas razões enumerou o jornal de Zurique: por um lado, o medo de retaliação por parte da milícia somali Al Shabab, através de ataques contra o Quénia; e, por outro, a falta de experiência dos quenianos em técnicas anti-guerrilha.

Os objetivos de Nairóbi são difusos, por vezes, contraditórios e mesmo impraticáveis, adianta o Neue Zürcher Zeitung. Um deles será a transferência para a Somália do complexo Dadaab, localizado no leste do Quénia. De lembrar que este é o maior conjunto de campos de refugiados do mundo, abrigando mais de meio milhão de pessoas.

Autora: Marta Barroso
Edição: Renate Krieger

Entrada de tropas etíopes na Somália poderá piorar crise humanitária no país
Entrada de tropas etíopes na Somália poderá piorar crise humanitária no paísFoto: picture alliance/dpa