Khashoggi: Guterres pede imparcialidade nas investigações
24 de dezembro de 2019"O secretário-geral da ONU continua a sublinhar a necessidade de uma investigação independente e imparcial do assassinato [do jornalista saudita Jamal Khashoggi], para assegurar uma análise e uma responsabilização por todas as violações de direitos humanos cometidas neste caso", disse numa conferência de imprensa o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric.
O representante também referiu que António Guterres reitera "o compromisso da ONU para assegurar a liberdade de expressão e a proteção dos jornalistas", insistindo também na histórica oposição à pena de morte por parte das Nações Unidas.
Declarações
Estas declarações surgem depois de o procurador-geral da Arábia Saudita ter anunciado que cinco sauditas foram condenados à morte pelo assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, em outubro de 2018, no consulado saudita em Istambul, Turquia.
Nenhuma acusação foi apresentada contra Saud al-Qahtani, um assessor próximo do príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman, acrescentou o procurador, dizendo que o ex-general foi absolvido, tendo o mesmo acontecido com o subdiretor dos serviços secretos sauditas, Ahmed Asiri, e com o embaixador saudita em Istambul, Mohamed Al Otaibi.
Em 02 de outubro de 2018, o jornalista saudita Jamal Khashoggi, que morava nos Estados Unidos, entrou no consulado da Arábia Saudita em Istambul, para tratar de alguns documentos necessários para o casamento com uma cidadã turca.
O jornalista não voltou a sair do consulado, onde foi morto por agentes sauditas, que saíram da Turquia e regressaram à Arábia Saudita logo após o assassínio.
Julgamento
O julgamento dos 11 suspeitos começou no início de janeiro, na Arábia Saudita, e o procurador-geral pediu a pena de morte para cinco deles.
Também as organizações Amnistia Internacional e Repórteres sem Fronteiras criticaram a Justiça saudita pelas cinco condenações à morte pelo assassínio do jornalista Jamal Khashoggi, e de afastar as acusações ao príncipe herdeiro e a um conselheiro.
"A sentença serve para branquear [as acusações] e não faz justiça nem mostra a verdade a Jamal Khashoggi e aos seus familiares", disse em comunicado a diretora da unidade da Amnistia Internacional para o Médio Oriente, Lynn Maalouf, classificando o julgamento como "um processo injusto".
"Esta sentença não aborda o envolvimento das autoridades sauditas no crime", acrescentou, lembrando que o julgamento foi realizado à porta fechada.