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Vítimas das minas continuam a ser preocupação

Romeu da Silva (Maputo)27 de junho de 2014

ONGs estão preocupadas com as vítimas das minas em Moçambique. Na III conferência sobre minas que terminou nesta sexta-feira (27.06) em Maputo, elas prometem dedicar-se mais à inserção social e apoio às vítimas.

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Sapador a desminar uma região da província de Gaza, MoçambiqueFoto: imago/Anka Agency

No rescaldo da III Conferência de Revisão da Convenção para a Erradicação de Minas Antipessoais, algumas organizações que trabalham na assistência social às vítimas destes engenhos mortíferos pedem mais apoios.

As vítimas das minas estão privadas de continuar a realizar os seus trabalhos diários, devido a condição de deficientes.

Algumas vítimas trabalham agora com entidades ligadas a desminagem na localização dos campos minados e na sensibilização das comunidades, sobre o perigo destes engenhos.

Uma das vítimas reconhece que "sensibilizam as populações, mas muito mais a camada juvenil, porque eles desconhecem o perigo."

Outro afetado pelas minas conta uma cena que presenciou: "Um dia o Governo estava a colocar uma daquelas linhas de alta tensão e vi um dos trabalhadores a passar e disse-lhe que ali havia minas."

Ela garante que "o Governo mandou retirar o engenho explosivo e agora se consegue fazer machamba, as nossas crianças conseguem passear e conseguem ir a escola."

Durante a conferência ourviram-se preocupações, quanto ao Moçambique pós-minas. A RAVIM, Rede de Assistência às Vítimas das Minas, é uma das organizações a manifestar essa preocupação.

Landminen in Mosambik
Adelaide Pilimo é uma das vítimas das minas anti-pessoaisFoto: AP

E uma prótese decente?

Luís Wamusse, presidente daquela agremiação, queixa-se do fato de o Tratado de Otava contemplar apenas a desminagem e não olhar a parte humana.

Para ele "a grande complicação é encontrar as pessoas sem material de compensação, pelo menos deviam ter o material de compensação que lhes proporcione voltar a caminhar com menos dificuldades."

Wamusse revela ainda outras situações: "Encontramos alguns que improvisam paus, cavam raizes de árvores para fazerem próteses, encontramos sobreviventes de minas que lá no campo a sua subsistência vem do trabalho agrícola, que dormem ao relento..."

As autoridades moçambianas garantiram que existem todas as condições para que o país esteja livre desses engenhos explosivos.

A RAVIM elaborou já um plano para a assistência às vítimas das minas. Luís Wamusse acredita que o plano poderá inverter o atual quadro negativo deste grupo social e das suas famílias.

O diretor da organização defende que um trabalho tem de seguir por essa via: "Temos que persistir na componente reabilitação. Se concluirmos a desminagem vamos ter o nosso enfoque na componente da assistência e talvez as coisas melhorem no futuro."

Estima-se que haja em todo o país cerca de 10 mil vítimas de minas, que precisam de oportunidades para realizarem atividades quotidianas de modo a levarem a vida com dignidade.

Minenräumung in Mosambik
A maioria das áreas desminadas hoje pode ser novamente trabalhadaFoto: Romeu da Silva

Atividades produtivas condicionadas

O pesquisador Roberto Barley realizou um estudo relacionado com as minas, e está otimista quanto à solução do problema: "Almejamos também uma informação, uma orientação e o acompanhamento das vítimas e das pessoas com deficiência, pelos serviços de inserção sócio-económica e os serviços sociais com enfoque a nível das mulheres:"

O diretor da Handicap International, Ian Savaire, outra organização que trabalha com as vítimas das minas, mostra-se preocupado com o apoio psico-social.

Ele recorda que "embora um acidente tenha tido lugar há 20 anos atrás, algumas pessoas continuam a sofrer os traumas provocados na altura."

Savaire exemplifica uma das consequências nefastas para as vítimas: "Estamos a ver pessoas que tem acesso a uma machamba mas que por causa de deficiência resultante do acidente com as minas tem uma produtividade muito abaixo dos outros membros da comunidade."

Esta III Conferência de Revisão da Convenção para a Erradicação de Minas Antipessoais juntou durante cinco dias na campital moçambicana, Maputo, mais de 800 delegados de 161 Estados-membros signatários e não signatários da Convenção de Otava. Estes, analisaram o trabalho efetuado ao longo dos 15 anos de vigência do tratao e das medidas necessárias para o cumprimento do objetivo de ter o mundo livre de minas antipessoais até 2025.

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