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Nova "crise profunda" na Guiné-Bissau?

Iancuba Dansó (Bissau)
14 de janeiro de 2020

Analista fala numa nova "crise profunda" na Guiné-Bissau, onde a situação política continua indefinida, com o contencioso eleitoral ainda por decidir e numa altura em que a administração pública do país volta à greve.

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Greve está a afetar Hospital Simão Mendes, apesar da garantia dos serviços mínimosFoto: DW/I. Dansó

É uma situação nunca vivida na Guiné-Bissau. Na mesma altura em que são contestados os resultados da segunda volta das eleições presidenciais, a nova greve convocada pelas duas centrais sindicais vem ensombrar ainda mais a situação social que se vive no país.

A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG) e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) consideram que não há vontade por parte do Executivo para pôr fim à greve. Por isso, e "tendo em conta a passividade e incumprimento por parte do Governo", as centrais sindicais decidiram avançar para mais uma paralisação, explica o porta-voz da comissão de greve, Domingos da Silva.

As reivindicações dos sindicatos são as mesmas que levaram à paralisação na semana passada. Entre as exigências está a  aprovação do novo Código de Trabalho e harmonização da tabela salarial na administração pública. Os sindicalistas também querem  um salário mínimo no valor de 100.000 francos CFA (mais de 150 euros) e o pagamento de 12 meses de salário em atraso ao pessoal contratado do Ministério da Saúde.

Nova "crise profunda" na Guiné-Bissau?

Hospital Simão Mendes afetado

No Hospital Nacional Simão Mendes, o maior do país, apesar da garantia dos serviços mínimos, a greve está a ter impacto, constatou a DW África no local.

"Estamos aqui sentados com os nossos pacientes sem saber o que fazer", lamentou uma acompanhante de um doente. "Pedimos ao Governo que olhe para os profissionais da educação e saúde e resolva esta situação", apelou outro cidadão.

Outra acompanhante lamenta a situação que se vive no Hospital Nacional Simão Mendes: "A greve não deve continuar, porque os doentes estão aqui internados. Há mulheres submetidas a cesariana, outros que deviam ser tratados rapidamente, mas não foram, e esta situação não deve ser assim."

Mais uma "crise profunda"

Perante a greve geral na administração pública e a indefinição do processo eleitoral, o analista política Rui Landim afirma à DW África que "a Guiné-Bissau inaugura, neste momento, mais uma situação da crise, desta vez uma crise profunda, porque não se vislumbra uma saída pacífica e justa".

Landim defende ainda que, no caso da nova greve na administração pública, "entre o Governo e os sindicatos a saída tem de ser por via do diálogo e a rejeição da violência.

Aguarda-se entretanto pelo desfecho do contencioso eleitoral, com a contestação dos resultados por parte de Domingos Simões Pereira, o candidato do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que alegou fraude eleitoral na segunda volta das presidenciais.