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Imprensa critica posição de Berlim contra a intervenção militar na Líbia

21 de março de 2011

Os jornais alemães comentam largamente a posição do governo no conflito da Líbia: a Alemanha aprovou verbalmente a intervenção internacional, mas não coopera militarmente.

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Guido Westerwelle, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, está a ser criticado por alguma imprensa nacional por não ter dado o "sim" no caso da LíbiaFoto: dapd

Para o diário liberal de Munique Süddeutsche Zeitung, com o seu “não”, o ministro dos Negócios Estrangeiros Guido Westerwelle, isolou internacionalmente a Alemanha. Provavelmente ela agora já foi riscada da lista dos candidatos a um lugar de novo membro permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Nunca, como desta vez, a Alemanha se isolou tanto no ocidente – nem mesmo em 2003, quando disse “não” à guerra no Iraque, iniciada pelo presidente George Bush. Na altura Angela Merkel, que era já a presidente da CDU, União Democrata Cristã, achou mesmo que devia pedir desculpa aos Estados Unidos da América pela decisão tomada pelo governo alemão. Mas agora, em vez de votar ao lado de americanos, britânicos e franceses – os seus mais importantes aliados no ocidente - a Alemanha alinhou com os chineses, russos, brasileiros e indianos.

Com tal decisão, continua este jornal, o ministro Westerwelle levou a Alemanha para um beco sem saída, isolando-a internacionalmente. O outro país da União Europeia, Portugal, que é atualmente membro temporário do Conselho de Segurança, também votou a favor da resolução. Este passo tira credibilidade à Alemanha junto dos seus aliados. E por agora, ela pode esquecer a sua pretensão de se tornar membro permanente do Conselho.

O Frankfurter Allgemeine Zeitung, um órgão conservador, recorda que o ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que, ao recusar uma participação militar, a Alemanha não se isolou na União europeia e na NATO. Mas a decisão é muito controversa mesmo dentro da própria Alemanha e dos partidos que formam a coligação em Berlim. O jornal recorda que durante o discurso do ministro Westerwelle no parlamento federal, o Bundestag, os deputados democratas cristãos se mantiveram demonstrativamente reservados, recusando-se a aplaudir.

Libyen Bengasi Aufständische feiern UN Flugverbotszone
Na imagem uma mulher líbia saudando a decisão do Conselho de Segurança da ONU de intervir militarmente no seu país. A abstenção da Alemanha neste Conselho é associada por certa imprensa alemã à algo desumanoFoto: picture alliance/dpa

Também o diário Tagespiegel, de Berlim, escrevia sobre o mesmo assunto. “A reserva alemã, escreve o jornal, assenta num argumento desumano: não conhecemos bem a oposição líbia e não queremos apoiar grupos radicais islamistas. Isto é puro cinismo. Não conhecemos a oposição, mas conhecemos Kadhafi. E, portanto, não é de admirar que o ditador tenha louvado publicamente a posição alemã. Ninguém quer lançar-se em aventuras militares. Mas seria de esperar um maior apoio à luta de libertação que os adversários de Kadhafi estão a travar.

Não chega fazer declarações solenes; uma posição clara ao lado da Inglaterra e da França seria um sinal claro de que a Alemanha, que deseja obter um lugar de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, não se orienta apenas por interesses nacionais.

Como é que iremos lidar com Kadhafi se ele conseguir destruir a oposição no seu país? Vamos voltar a fazer vénias aos vendedores de petróleo? Será romantismo sonhador, esperar que a Alemanha mostre dignidade e coragem na defesa dos direitos humanos – e menos frieza humana?

Estes foram alguns comentários da imprensa alemã de sábado (19 de março de 2011) e de segunda feira (21 de março de 2011) sobre a posição alemã no conflito da Líbia.

Autor: Carlos Martins
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha

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