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Nova crise política na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau)
5 de agosto de 2021

A Guiné-Bissau tem um novo escândalo político. Em vídeos que circulam nas redes sociais, dirigentes do partido de coligação governamental MADEM-G15 atacam verbalmente o Presidente Umaro Sissoco Embaló.

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Guinea-Bissau Zweite Runde der Präsidentschaftswahlen
O Presidente Umaro Sissoco Embaló está a ser criticado por membros do seu próprio partidoFoto: DW/B. Darame

O país seguiu com atenção as disputas públicas levadas a cabo através da imprensa, entre o coordenador Nacional do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), Braima Camará, e o Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, oriundo daquela segunda maior formação política, sobre a forma como está a ser conduzido o país.

Agora surgem vídeos da última reunião do Conselho Nacional do partido, em que destacados dirigentes fazem acusações e acusam o chefe de Estado de governar de forma autoritária.

A situação é consternadora, disse à DW África o líder do Partido de Unidade Nacional, Idriça Djaló, que não integra o atual Governo: "Estamos no epicentro de uma grave crise que se pode tornar numa grave crise nacional, se as medidas adequadas não forem tomadas".

Guinea-Bissau I Braima Camará
Críticas públicas do cordenador do MADEM-G15, Braima Camará, fomentaram a tensãoFoto: Braima Darame/DW

Ameaças do Presidente

As críticas à atuação do chefe de Estado multiplicam-se. José Carlos Macedo, que é também deputado da nação, afirmou que, numa das sessões do Parlamento, recebeu um telefonema ameaçador do Presidente, depois de ter considerado inconstitucional a nomeação do vice-primeiro-ministro por Sissoco Embaló.

O chefe de Estado guineense ainda não reagiu aos ataques de que foi alvo na reunião em que foi aprovada uma moção de confiança à sua pessoa.

O jornalista Sabino Santos acha que ainda é cedo prever o que vai acontecer, mas não acredita que o MADEM-G15 abandone a coligação e force a demissão do Governo. "Mas eu acredito que, se o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam se envolver ao lado de uma das partes, certamente que a governação ficará atingida”. 

Guinea-Bissau UNTG Protest in Bissau
A tensão no Governo vem juntar-se à crescente insatisfação da população com as condições de vidaFoto: Iancuba Danso/DW

"Presidente deve legitimar-se"

Para o líder da União para a Mudança (UM), Agnelo Regala, a solução da crise política está nas mãos do chefe de Estado: "Em primeiro lugar, há uma necessidade de o Presidente se legitimar, para poder ser, efetivamente, um elemento no jogo político constitucional. Continua um Presidente eleito, mas não passou os trâmites previstos constitucionalmente e regimentalmente, falando da Assembleia Nacional Popular (ANP), da sua legitimação".

A DW África tentou, sem sucesso, ouvir os partidos da coligação governamental, sobre o ambiente de crispação que se vive no Movimento para Alternância Democrática.

Entretanto, citado pela agência de notícias Lusa, o primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam garantiu esta quinta-feira que a coligação no Governo no país "continua com toda a força", salientando que os problemas ultrapassam-se com diálogo. 

Questionado sobre a tensão política entre o coordenador nacional do MADEM-G15 e o Presidente guineense, o chefe do Governo disse que é "normal em política". 
"A política é um jogo de interesses, mas para todas as partes a Guiné-Bissau está acima de todos os interesses", afirmou Nuno Gomes Nabiam.

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