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Bissau: Greve "vai paralisar" hospitais e escolas públicas

Lusa
7 de outubro de 2024

Uma greve de três dias decretada pelos sindicatos agrupados na plataforma Frente Social, iniciada hoje, "vai paralisar" os serviços nos hospitais, centros de saúde e escolas públicas da Guiné-Bissau.

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Hospital Nacional Simão Mendes, em Bissau
No Hospital Nacional Simão Mendes, centenas de doentes estão a ser enviados para casa ou encaminhados para outros centros médicos e clínicas privadasFoto: Iancuba Dansó/DW

De acordo com o porta-voz sindical, João Correia, a greve, em vigor desde as primeiras horas de hoje e convocada para decorrer até quarta-feira (09.10), "é a resposta da Frente Social" aos apelos no sentido de o Governo "honrar compromissos" com os trabalhadores dos dois setores.

"É inaceitável que haja técnicos que estão a trabalhar há dois anos sem receber salário", afirmou João Correia, assegurando ser esta a situação "de cerca de cinco mil professores".

O porta-voz da Frente Social defendeu que os professores "têm todo o direito de ficar em casa", já que "não são robots", e lembrou que na Guiné-Bissau "nunca se viu um governante a clamar por salário em atraso".

"Não há sensibilidade dos governantes com os problemas dos trabalhadores, com os problemas do povo", observou Yoyo João Correia, porta-voz da Frente Social que junta dois sindicatos de técnicos da saúde e outros tantos da educação.

Atendimento limitado

No Hospital Nacional Simão Mendes, principal centro médico da Guiné-Bissau, a situação é desoladora com centenas de doentes a serem enviados para casa ou encaminhados para outros centros médicos e clínicas privadas.

Bubacar Sissé, chefe dos serviços de urgência do Simão Mendes lamentou que assim seja e afirmou que apenas um médico está a atender os doentes internados, "mas [apenas os que estão] em estado grave" nos serviços de ortopedia.

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"Aos outros doentes simplesmente mandamos para outros hospitais ou para clínicas privadas", frisou Sissé, que apelou ao Governo para se sentar à mesa das negociações com a Frente Social para chegarem a um entendimento.

O responsável afirmou que a greve está a afetar todos os serviços do Simão Mendes, uma situação que disse desagradar aos técnicos daquele hospital.

Mais de 5.000 crianças sem aulas

Nalgumas escolas de Bissau, visitadas pela Lusa, há relatos dos professores em como os alunos nem compareceram às aulas a partir do momento que ouviram nas rádios que havia greve.

Um responsável do Liceu Samora Moisés Machel disse à Lusa que, mesmo em condições normais, "às vezes os alunos não comparecem às aulas, que fará com a greve".

Lamentou ainda as dificuldades que a paralisação poderá acarretar para o cumprimento do plano curricular do ano letivo.

Yoyo João Correia estimou que, neste momento, mais de cinco mil crianças estão sem acesso às aulas por falta de professores, que, por sua vez, não comparecem nas escolas públicas por falta de pagamento do salário.

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