Guiné-Bissau: Forças Armadas não tolerarão perturbações
12 de novembro de 2024Em conferência de imprensa, para explicar os motivos das celebrações dos 60 anos das Forças Armadas guineenses, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses, Biague Na Ntan, comentou o anúncio feito por duas coligações de partidos de realizar manifestações de rua nos próximos dias, alertando que elevou para o nível de segurança para "prontidão combativa completa".
"Prontidão combativa completa"
"As forças armadas têm três etapas fundamentais na prontidão combativa: temos permanente, elevado e completo. Neste momento, estamos de prontidão combativa completa - que é o nível mais alto de prontidão combativa. Estamos prontos para defender o que é nosso. Quando estamos neste nível, estamos dispostos a cumprir qualquer missão ou ameaça. Vamos responder a qualquer um que tente perturbar o país no dia 16", afirmou.
As manifestações teriam como finalidade protestar contra o que consideram falta de democracia e abuso do poder por parte do Supremo Tribunal de Justiça e do Presidente guineense.
De acordo com anúncios feitos por dirigentes das coligações eleitorais API (Aliança Patriótica Inclusiva) e Plataforma Aliança Inclusiva (PAI – Terra Ranka) as manifestações seriam para decorrer nos dias 14, 15 e 16 deste mês.
O antigo primeiro-ministro Baciro Djá, membro da API, avisou, no domingo, que se em 72 horas não fosse marcada uma nova data para as eleições legislativas, não haveria “16 de novembro para ninguém”.
“Vamos comemorar o nosso dia, quem quiser participar que participe. Não estamos a ameaçar ninguém, não vamos dizer nada a ninguém, mas não queremos nenhuma perturbação, não iremos admitir nenhuma perturbação”, disse hoje o general Biague Na Ntan.
As eleições legislativas deveriam ter lugar no próximo dia 24, mas por falta de condições técnicas e financeiras, foram adiadas, por sugestão do Governo e confirmado por um decreto do Presidente guineense.
"Cansado de guerras no país"
Os partidos das duas coligações eleitorais defendem que se trata de “manobras por parte do poder” vigente no país para permitir que os opositores sejam impedidos pela justiça de participar.
As autoridades guineenses esperam as presenças de dignitários de vários países do mundo convidados para assistir ao Dia das Forças Armadas que também servirá para celebrar o 51.º aniversário da independência da Guiné-Bissau.
As duas coligações prometem colocar o povo nas ruas, sobretudo no dia 16 de novembro.
“Não podemos impedir que ninguém faça o que bem entender, mas o que a pessoa encontra na rua é a sua sorte”, sublinhou o chefe das Forças Armadas em alusão às ameaças de manifestações dos políticos.
O general Na Ntan anunciou que, a partir de segunda-feira, 11, até o dia 16, as Forças Armadas estão em prevenção nas ruas de todo o país.
O general observou que está “cansado de guerras no país”, destacou que quer a paz e tranquilidade, mas deixou um aviso: “A água derramada não se pode apanhar, mas pode-se fechar a torneira onde ela sai para que não saia nunca mais”, disse Biague Na Ntan, perguntando aos presentes se estavam a compreender a sua alegoria.