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Guerra na Ucrânia: "Putin não alcançou os seus objetivos"

24 de fevereiro de 2024

Completa-se hoje, 24 de fevereiro, dois anos da invasão russa ao território ucraniano. À DW África, o historiador José Milhazes, autor do livro "Mais Breve História da Rússia", diz que Putin não conseguiu seus objetivos.

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Russischer Angriffskrieg gegen die Ukraine
Foto: Libkos/AP/picture alliance

Há dois anos a Rússia dava início à sua invasão ao território ucraniano. O país afirma ter conquistado terreno pois, segundo analistas, o Ocidente não tem cumprido a sua promessa de apoio aos ucranianos para se defenderem.

Além disso, economistas estão de acordo num ponto: a economia russa não entrou em colapso, embora fosse esse o cenário que muitos previam quando a União Europeia declarou sanções. 

Entrentato, à DW África, o historiador José Milhazes, autor do livro "Mais Breve História da Rússia", considera que Putin não conseguiu até agora nenhum dos objetivos traçados na Ucrânia.

José Milhazes: É indiscutível que Putin teve alguns êxitos, mas esses ficam muito aquém se compararmos com os meios que ele está a utilizar. Tendo em conta aquilo que ele disse ser as capacidades militares russas, ele têm estado muito aquém destes meios. Ou seja, é verdade que ele ocupou uma cidade, mas não tem tido outros êxitos.

O historiador José Milhazes é o autor do livro "Mais Breve História da Rússia"
O historiador José Milhazes é o autor do livro "Mais Breve História da Rússia"Foto: DW/J. Carlos

DW África: Acha que Putin está a ganhar terreno na Ucrânia porque tem faltado apoio à mesma para se defender?

JM: Isso é outra coisa. Precisamos olhar para o trabalho que a Ucrânia está a fazer no Mar Negro. E a Ucrânia, no Mar Negro, errou com a posição do monopólio que a Rússia tinha nestes mares. E isso é muito importante.

Agora, é claro que Putin não conseguiu alcançar nenhum dos seus objetivos que eram desmilitarizar, "desnazificar" a Ucrânia e impedir o alargamento da NATO. Isso, ele não conseguiu e é evidente.

Por outro lado, os ucranianos não conseguiram travar as tropas de Moscovo porque o Ocidente tem falhado nas suas promessas de apoiar a Ucrânia. São prometidos armamentos, mas tardam a chegar. E essa é a principal causa de a Ucrânia ainda não ter conseguido resultados substantivos na guerra.

DW África: Até que ponto a morte do ex-líder do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, ou do opositor Alexei Navalny durante a guerra podem condicionar as ações da Rússia e as pretenções de Vladimir Putin?

JM: Quanto às mortes de Prigozhin e de Navalny, há uma coisa: Putin não tolera adversários que lhe possam fazer sombra.

DW África: Haverá eleições na Rússia e qual é a sua previsão após a morte de Navalny?

JM: Navalny não iria influir em nada nestas eleições que, desde seu início, são uma farsa. Por isso, os resultados deverão ser os seguintes: Putin alcançará mais de 80% dos votos, tratando-se de um resultado claramente falseado e manipulado pelas autoridades russas.

Yulia Navalnaya na frente política opositora ao Kremlin

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Braima Darame Jornalista da DW África