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Gana vai proibir consumo de "shisha"

Suuk Maxwell | Gustav Hofer
29 de maio de 2018

As autoridades de saúde alertam para os problemas associados com fumar "shisha". Fumo de um simples cachimbo pode equivaler ao consumo de 100 cigarros. Gana planeia banir a "shisha" já a partir de junho.

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Kongo junger Mann mit Schischa-Wasserpfeife
Foto: Getty Images/AFP/J. Wessels

Por toda a cidade de Tamale, no Gana, grupos de rapazes encontram-se regularmente para fumar shisha. Puxam do seu cachimbo de água e expelem nuvens de vapor. Husein explica que o que o atrai no consumo de shisha é ver o vapor a sair, que é mais denso que num cigarro.

"O vapor é o que nos faz optar por shisha. A forma como o vapor sai, faz-nos querer fumar mais", conta Husein.

Há uma aceitação pelo consumo de shisha em Tamale e há lojas a nascerem por toda a cidade. As autoridades de saúde estimam que o número de pessoas que fuma shisha tem vindo a aumentar. Foi por isso que tomaram a decisão de banir shisha a partir de junho deste ano.

Husein não concorda com esta medida, pois acredito que a shisha não comporta os malefícios de outras substâncias.

"Shisha é normal, é simplesmente normal. Não dá nenhuma moca ou deixa as pessoas tontas. Sente-se o sabor, o cheiro e é tudo", explica à DW.

Shisha-Pfeife
Autoridades preocupam-se com o aumento de consumo de shishaFoto: picture-alliance/dpa/S.Strache

Contudo,  o médico Abdallah Yahya, que trabalha no hospital de Tamale, tem uma opinião diferente e defende que o consumo de shisha é nocivo para todo o corpo.

"Estou a dizer, acreditem ou não, mas é mau para o corpo, o cérebro, o coração, o fígado, os rins", defende Abdallah Yahya.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) também já deixou o alerta para o consumo de shisha. Diz que o fumo de apenas um cachimbo de água equivale a fumar 100 cigarros.

Decisão individual ou saúde e segurança públicas?

Os avisos de autoridades e profissionais de saúde não assustam muitos dos consumidores. Ismael vê a situação como uma escolha individual e não é a ilegalidade que vai travar o consumo.

 "É exatamente como fumar erva. Não é legal mas as pessoas fumam na mesma às escondidas. Às vezes não percebo porque é que algumas pessoas querem regular tanto as vidas das outras. No fim, sou eu que vou morrer, por isso…", justifica o jovem Ismael.

Gana vai proibir consumo de "shisha"

Para outros, a questão não é individual, é um problema de saúde pública e segurança.  Algumas pessoas incluem marijuana e outras substâncias nocivas nos seus cachimbos, e o abuso de substâncias em geral está a tornar-se mais comum. Acredita-se que associado ao aumento de consumo de drogas, cresce também a criminalidade. Muitas pessoas vivem com medo. Naa Abduallai Yakubu, chefe do conselho tradicional de Sagnarigu, no norte de Tamale, explica as suas preocupações.

"Sítios que vendem drogas estão por toda a cidade, o que se reflete no aumento de violações, de atitudes devassas, roubos e violência. É mau para a nossa juventude e até gerações futuras", explica Zakubu.

Proibição pode ter efeito nulo

Mas acabar com o consumo de shisha pode ser difícil, porque é um mercado em crescimento. Numas das chamadas "casas de shisha”, o dono, Mohammed Zuberu, conta que tem muitos clientes e que pode ver o seu negócio afetado, se a proibição acontecer mesmo.

À medida que a data em que a proibição entra em vigor se aproxima, as pessoas começam a questionar-se mais e a duvidar que a lei afete o mercado negro. Os cidadãos acreditam que o comércio e consumo de shisha vai continuar a acontecer, mas de forma mais escondida, o que pode ser ainda pior para a sociedade.

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