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PolíticaGabão

Gabão: General Nguema nomeado presidente de transição

DW (Deutsche Welle) | com agências
31 de agosto de 2023

Sucedem-se as reações da classe política, sociedade civil e comunidade internacional ao golpe militar no Gabão, onde o general Brice Nguema foi nomeado "presidente de transição". Família Bongo estava no poder há 55 anos.

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General Brice Clothaire Oligui Nguema
Foto: Gabon24/AP/picture alliance/dpa

A junta militar golpista anunciou que o general Brice Oligui Nguema, comandante da Guarda Republicana, uma unidade de elite das Forças Armadas do país, foi nomeado  presidente do Comité de Transição e de Restabelecimento das Instituições.

O grupo que detém agora o poder no Gabão diz ter escolhido Nguema "por unanimidade", consumando assim o fim da dinastia da família Bongo, que liderava o país há 55 anos.

O Presidente Ali Bongo Ondimba, foi colocado em prisão domiciliária e um dos seus filhos foi detido por "traição", horas depois de os militares terem anunciado que tinham derrubado o governo, após o Presidente ter sido declarado vencedor de umas eleições marcadas por receios de violência.

Num vídeo gravado da sua residência, Ali Bongo pediu aos gaboneses para fazer barulho contra o golpe em curso. Mas o povo saiu à rua na capital, Libreville, para celebrar o fim do regime.

"Uma libertação"

Do lado da oposição, o candidato da principal plataforma da oposição, Albert Ondo Ossa, contactado pela DW, não quis comentar imediatamente a evolução da situação no Gabão. Disse que estava à espera que a situação ficasse mais clara antes de fazer qualquer declaração.

Albert Ondo Ossa (à direita), principal rival de Ali Bongo nas presidenciais
Albert Ondo Ossa (à direita), principal rival de Ali Bongo nas presidenciaisFoto: Ludovic Marin/Steeve Jordan/AFP

Para Gervais Oniane, presidente da União para a República e candidato às eleições presidenciais, cujos resultados foram anulados pelos golpistas, a ação dos militares é sinónimo de "libertação" e de "alegria" para o povo do Gabão.

"Esperamos que o exército, que assumiu as suas responsabilidades, leve esta transição até ao fim, de modo a que a ordem seja restabelecida no país e o processo seja restaurado para que o poder seja devolvido aos civis o mais rapidamente possível", declsrou.

Críticas da União Africana

A União Africana (UA) condenou firmemente a tomada de poder pelos militares. O presidente da comissão, Moussa Faki Mahamat, considera este ato uma flagrante violação dos principios da organização e apelou às forças de segurança para terem em conta a sua vocação republicana.

João Lourenço, Presidente de Angola
João Lourenço, Presidente de AngolaFoto: Adrian Dennis/AP Photo/picture alliance

João Lourenço, Presidente de Angola, também expressou a sua preocupação com um mundo cada mais vez conturbado, "com conflitos de toda a ordem" e pediu mais atenção do Serviço de Inteligência Externa do país.

Em São Tomé e Príncipe, o primeiro-ministro, Patrice Trovoada, condenou o golpe e defendeu o diálogo para o regresso rápido à ordem constitucional no país africano, sem violência.

Reprovação internacional

A comunidade internacional também já reagiu, com um tom unido de reprovação. A França apelou a que o resultado das eleições seja respeitado e disse estar a acompanhar a evolução da situação no país.

A China e a Rússia manifestaram preocupação com a segurança do Presidente Ali Bongo e a ONU reafirmou a sua forte oposição a golpes militares.

A União Europeia (UE) também deixou um alerta, prevendo que este golpe irá aumentar a instabilidade em toda a região central de África.

O Gabão era governado pela família Bongo há mais de 55, desde a independência da França, em 1960. Este foi o oitavo golpe militar num país africano francófono em três anos.

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