Fundação Friedrich-Ebert retira-se de Angola
29 de junho de 2011A Fundação Friedrich Ebert, próxima do partido social-democrata alemão, SPD, vai encerrar a sua delegação situada na Alameda do Príncipe Real, em Luanda. Os colaboradores já foram informados de que se terão que dedicar a outras atividades.
As principais razões para a retirada da fundação de Angola são financeiras. O partido social-democrata alemão sofreu - nos últimos anos - várias derrotas eleitorais na Alemanha, tanto a nível nacional como regional, o que se repercute também na liquidez monetária da fundação.
Os responsáveis da Fundação Friedrich Ebert não se quiseram pronunciar - neste momento - sobre o encerramento dos escritórios de Luanda. Trata-se de uma questão sensível e que gera incompreensão em muitos círculos, num momento em que Angola assume um papel político e económico cada vez mais importante na África austral e se prepara para receber a visita oficial da chefe do governo Angela Merkel.
Fundação pretende continuar a trabalhar com Angola
Uma responsável da fundação na central em Berlim deixou claro que a fundação continuará a trabalhar em Angola e acompanhar o desenvolvimento daquele país, embora deixe de estar fisicamente presente com escritórios e representantes próprios.
Para Luanda, o encerramento desta representação significa que, a partir de julho, nenhuma das fundações políticas alemãs estará presente na capital angolana. Note-se que a fundação Konrad Adenauer, ligada à união democrata-cristã (CDU), partido da chanceler federal, Angela Merkel, já há muito tempo estuda as hipóteses de se instalar em Angola, mas os esforços têm sido infrutíferos.
A atuação da fundação em Angola
Quais eram os objetivos e as atividades principais da Friedrich Ebert Stiftung (FES)? A fundação avança que o seu objetivo foi de acompanhar de forma ativa a formação e consolidação de estruturas da sociedade civil e do estado com diversos projetos, apoiando a democracia e a justiça social, sindicatos livres e fortes bem como a defesa dos direitos humanos e a igualdade entre os géneros.
Em Angola, como noutros países africanos, a fundação elaborava anualmente o denominado "barómetro africano" sobre a situação dos média naquele país. Uma das participantes no painel do último relatório, Luísa Rogério, jornalista e presidente do sindicato dos jornalistas angolanos, referiu à Deutsche Welle o contributo da Fundação Friedrich Ebert em duas décadas de presença em Angola: “Contribuíram muito para a consolidação da sociedade civil em Angola”. Rogério salienta ainda que os sindicatos beneficiaram de muitas ações em parceria com a fundação.
A fundação esteve presente em Angola, mesmo em tempos difíceis, nomeadamente em tempos de guerra civil. Agora deixará de estar, pelo menos fisicamente. Muitos observadores na Alemanha afirmam que não entendem a decisão. Afinal os objetivos traçados pela própria Fundação continuam mais válidos do que nunca: promover a democracia e o desenvolvimento, contribuir para a paz e a segurança e garantir uma globalização solidária.
Autor: António Cascais
Edição: Cristina Krippahl / Renate Krieger