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FRELIMO admite "profunda inquietação" com raptos em Maputo

Lusa
2 de agosto de 2024

A comissão política da Frente de Libertação de Moçambique FRELIMO admitiu "profunda inquietação" com os raptos que continuam a registar-se em Maputo, pedindo às autoridades para "aperfeiçoar" o combate a estes crimes.

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Agentes da autoridade patrulham ruas de Maputo (Foto de arquivo)
Foto: DW/L. da Conceição

Aquele órgão reuniu-se esta sexta-feira (02.08), na sede do partido, na 31.ª sessão ordinária, sob presidência do presidente da formação política e chefe de Estado, Filipe Nyusi, tendo sido "informada da situação de segurança no país".

No comunicado final da reunião, a Comisão Política da FRELIMO "reitera a sua profunda inquietação no que toca o crime de raptos, com maior incidência na cidade de Maputo, e encoraja as autoridades competentes a continuarem a aperfeiçoar mecanismos na busca de soluções, face a estes crimes, que afetam o sossego das famílias e compromete as iniciativas que concorrem para o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique".

O Serviço de Investigação Criminal (Sernic) de Moçambique anunciou ter desmantelado uma residência, nos arredores de Maputo, que serviria para cativeiro de uma próxima vítima de rapto na capital.

"Este imóvel teria sido arrendado ao valor de 25 mil meticais [360 euros] por mês, por três meses, no valor de 75 mil meticais [1.080 euros]. É uma residência que já tinha sido preparada para ser usada como mais um cativeiro aqui na Matola-Rio, no bairro Djonasse", anunciou Hilário Lole, porta-voz do Sernic em Maputo.

No interior da residência foram encontradas correntes, pregos e martelos, que o Sernic suspeita serviriam para manietar a próxima vítima, entre outros equipamentos, tendo ainda sido detido um suspeito, pelo arrendamento da residência.

"Na sua posse também foi possível apreender um instrumento de tipo GPS, que era usado para fixar nas viaturas das vítimas (...) e fazer o rastreio da movimentação das vítimas até ao ponto [em] que poderiam executar os crimes de rapto", explicou o porta-voz do Sernic.

Cerca de 150 empresários foram raptados em Moçambique nos últimos 12 anos e uma centena deixaram o país por receio, segundo números divulgados na semana passada pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), que defende que é tempo de o Governo dizer "basta".

"Já vão a caminho de 150. Abandonaram o país mais de uma centena. Não estamos a falar daqueles que exerciam cargos da administração ou direção, se contarmos com esses são muitos mais. Estamos a falar daqueles que detinham o capital, eram os acionistas das empresas", afirmou, em conferência de imprensa, em Maputo, o presidente do pelouro de segurança e proteção privada da CTA, Pedro Baltazar.

"Passados cerca de 12 anos desde a ocorrência do primeiro rapto, achamos que é tempo suficiente para que o Governo se pressione de forma mais pragmática a dar um basta a este mal. Por isso, reiteramos a necessidade de o Governo acolher as medidas propostas pelo setor privado", afirmou o dirigente da CTA, reconhecendo o impacto de "biliões de dólares" na economia e no emprego no país.

A polícia moçambicana registou, até março, um total de 185 casos de raptos e pelo menos 288 pessoas foram detidas por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime desde 2011, anunciou o ministro do Interior.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reconheceu em julho que o combate aos crimes de raptos ainda constitui um desafio no país e pediu à polícia para trazer a público os seus "mandantes": "Tragam pelo menos um mandante, hão de ver que a narrativa vai mudar, porque os mandantes são muito medrosos, a gente basta tomar uma certa medida e eles logo fogem".

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