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PolíticaNíger

França anuncia retirada do Níger "dentro de uma semana"

Lusa | AFP
5 de outubro de 2023

As tropas francesas começarão a retirar-se do Níger "dentro de uma semana", na sequência das relações tensas com o regime militar resultante do golpe de Estado de 26 de julho.

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Niger Madama französische Soldaten
Foto: Dominique Faget/AFP

As tropas francesas começarão a retirar-se do Níger "dentro de uma semana", na sequência das relações tensas com o regime militar resultante do golpe de Estado de 26 de julho, indicou hoje (05.10) o Estado-Maior das Forças Armadas.

"Iniciaremos a operação de retirada dentro de uma semana, em boas condições, em segurança e em coordenação com os nigerinos", revelou fonte do Estado-Maior das Forças Armadas francesas à agência AFP.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou a 24 de setembro o fim da cooperação militar com o Níger e a saída gradual dos 1.400 soldados franceses presentes no país do Sahel "até ao final do ano", cumprindo assim a vontade das novas autoridades que derrubaram Presidente Mohamed Bazoum, que denunciou os acordos de defesa que ligam Niamey a Paris.

"Faremos o que está planeado, acontecerá de acordo com o planeamento", assegurou o Estado-Maior francês, enquanto o regime militar do país africano acusou a França de não estar "em condições de abandonar o Níger" e parece pouco inclinado a deixar que os soldados franceses possam realizar livremente as manobras de retirada.

Paris Macron und Mohamed Bazoum Präsident von Niger
Emmanuel Macron e Mohamed Bazoum em fevereiro de 2023, em ParisFoto: Michel Euler/AP/picture alliance

1.400 soldados no terreno

Cerca de 1.000 soldados e aviadores franceses estão destacados na base aérea francesa em Niamey e outros 400 em Ouallam e Ayorou (noroeste), ao lado dos nigerinos, na chamada zona das "três fronteiras" - entre o Níger, Burkina Faso e Mali -, santuário do grupo Estado Islâmico.

Os soldados destacados nas bases avançadas devem ser os primeiros a retirar, num padrão semelhante ao que aconteceu no Mali, onde a retirada francesa começou nas três dependências mais setentrionais do país.

"Estamos a tomar medidas para garantir a segurança das pessoas envolvidas na manobra", precisou o Estado-Maior, em particular na estrada que liga as bases avançadas à capital, onde poderá ser necessário apoio aéreo, num contexto de deterioração da segurança no país, depois de vários ataques que causaram dezenas de mortos.

Supporters of the military administration in Niger storm French air base
Protesto contra a presença francesa no NígerFoto: Balima Boureima/AA/picture alliance

Uma operação complexa

A operação promete ser complexa: desde 2013, o Níger serviu de centro de trânsito para as operações antiterroristas no Mali, antes de se tornar o coração da presença da França na região após a retirada forçada das tropas francesas do Mali e do Burkina Faso no verão de 2022.

Para os soldados, esta retirada, exigida pela junta, põe fim a uma situação incerta desde há dois meses, com abastecimentos aleatórios e manifestações anti-francesas que se realizam regularmente à sua porta, em Niamey.

Na capital, o complexo francês alberga centenas de escritórios pré-fabricados, hangares e abrigos modulares para aviões, tendas, cabines de pilotos de drones, veículos blindados e helicópteros, drones e caças.

O destino do equipamento ainda não foi decidido e estão a ser discutidas várias opções: o território nacional, o vizinho Chade, onde se situa o quartel-general das forças francesas no Sahel, ou outros cenários.

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