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ConflitosEtiópia

Etiópia não vai recuar no conflito contra forças de Tigray

DW (Deutsche Welle) | Lusa
5 de novembro de 2021

Apesar dos vários apelos internacionais a um cessar-fogo imediato, o Governo etíope já fez saber que não recuará na "guerra existencial" com as forças do estado rebelde do Tigray. Enviado dos EUA já chegou a Adis Abeba.

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Foto: Eduardo Soteras/AFP

Países africanos e ocidentais apelaram ao fim imediato dos combates na Etiópia, um ano após o início do conflito em Tigray, no norte do país. A União Europeia (UE) alertou para a fragmentação e conflito armado generalizado.

"A União Europeia reitera que não há solução militar e apela a todas as partes em conflito para que implementem um cessar-fogo significativo, com efeito imediato, e se empenhem em negociações políticas sem condições prévias", afirmou o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, num comunicado.

A União Europeia está "particularmente preocupada" com a recente escalada na região de Amhara e com o avanço militar da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), referiu ainda Borrell.

Etiópia não cede à "propaganda estrangeira"

"Este país não vai ceder à propaganda estrangeira! Estamos a travar uma guerra existencial", afirmou o Ministério etíope da Informação, numa declaração publicada na rede social Facebook, dias após as forças estaduais sob o comando da TPLF afirmarem a intenção de avançar sobre a capital, Adis Abeba, e  num sinal claro de que rejeita os apelos internacionais a um cessar-fogo.

A TPLF anunciou no início desta semana que as suas forças tinham tomado o controlo das cidades de Dessie e Kombolcha na região de Amhara, a apenas 400 quilómetros de Adis Abeba, ao que governo etíope respondeu com a declaração de estado de emergência em todo o país. 

Äthiopien Tigray Konflikt l Gedenkgottesdienst für die Opfer mit Premier Abiy Ahmed Ali
Abiy Ahmed Ali (centro), primeiro-ministro da EtiópiaFoto: Ethiopian Prime Ministry Office/AA/picture alliance

As forças tigray aliaram-se em agosto a combatentes rebeldes de etnia oromo reunidos no Exército de Libertação Oromo (OLA). Um porta-voz do OLA afirmou na quarta-feira (03.11) à agência France-Presse que Adis Abeba poderá cair dentro de semanas.

No entanto, a resposta do Governo etíope garante o contrário e afirma que a TPLF está "cercada" e perto da derrota. "Um rato que se afasta do seu buraco está mais perto da morte", lê-se na mesma declaração.

Enviado dos EUA no terreno

O enviado especial dos EUA, Jeffrey Feltman, jáchegou à capital etíope, Adis Abeba, para promover uma solução pacífica para o conflito. Face ao recente recrudescimento dos combates no norte, os Estados Unidos apelaram a todas as partes envolvidas para que cessem as hostilidades.

A administração norte-americana tem sido uma mais críticas do Governo federal da Etiópia, que está em guerra com o governo estadual do Tigray, palco de combates desde 4 de novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou o exército federal para derrubar as autoridades regionais da TPLF, que acusou de orquestrarem ataques a campos militares federais naquele estado no norte do país.

O conflito estendeu-se por vários meses até que os combatentes pró-TPLF recuperaram o controlo da região em finais de junho último e as tropas federais retiraram. 

Desde então, os combates alastraram-se aos estados vizinhos de Afar e Amhara e prosseguem agora em direção à capital etíope. As forças federais etíopes têm contrariado as ofensivas rebeldes sobretudo através da força aérea.

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