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Estabilidade em Moçambique: Mondlane é a chave?

9 de janeiro de 2025

Regresso de Venâncio Mondlane pode impulsionar a estabilidade em Moçambique? Diáspora e líderes pedem mediação portuguesa para recuperar credibilidade democrática e garantir diálogo inclusivo.

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Mosambik I  Ankunft des Präsidentschaftskandidaten Venâncio Mondlane in Maputo
Foto: Jaime Álvaro/DW

O sistema democrático moçambicano vive uma crise de credibilidade. Subscritores de uma carta dirigida ao Presidente português apelam a Marcelo Rebelo de Sousa para mediar um diálogo que inclua o regresso de Venâncio Mondlane, apontado como peça-chave para a estabilidade e reconciliação em Moçambique. A diáspora moçambicana reforça a necessidade de unir as partes em conflito para garantir o futuro do país.

Na carta enviada a Marcelo Rebelo de Sousa esta segunda-feira (06.01), o grupo, que inclui antigos candidatos presidenciais portugueses, acredita que "o Presidente da República, a Assembleia da República e o Governo, em representação de todos os cidadãos portugueses, podem e devem desempenhar o papel de moderadores e incentivadores do diálogo entre as partes nesta altura crucial para os irmãos moçambicanos".

Paulo de Morais, ex-candidato presidencial português e um dos subscritores da carta, propõe a constituição de um grupo de atores políticos para apoiar o processo de estabilização do país: "...que encaminhem Moçambique para um processo de normalidade, desde logo eventualmente preparando um futuro ato eleitoral em que os cidadãos possam acreditar, porque em democracia é preciso respeitar a vontade popular.”

Venâncio Mondlane declara-se o "Presidente eleito pelo povo moçambicano"

Ele reforça ainda a importância de um grupo credível no processo: "Um forte grupo de trabalho, de gente que garanta credibilidade e seriedade a todo um processo que leve, no médio prazo pelo menos, ao apuramento da real vontade popular dos moçambicanos, seja ela qual for, mas que tem que ser livre e legitimamente expressa, e os resultados têm que ser obviamente credíveis.”

Segurança e credibilidade democrática

Além de apelarem às autoridades moçambicanas para garantirem a segurança de Venâncio Mondlane, os subscritores destacam na carta que todos têm o dever cívico de ajudar Moçambique a alcançar o diálogo e respeitar os princípios de um Estado de Direito.

Paulo de Morais sublinha a falta de confiança no atual sistema democrático do país:
"No curto e no médio prazo é fundamental que se retome a credibilidade do sistema democrático moçambicano, que neste momento carece de credibilidade na medida em que ninguém acredita nos resultados eleitorais.”

Iniciativa e impacto

A iniciativa liderada por Paulo de Morais e pelo jornalista angolano William Tonet inclui figuras como Ana Gomes, Fernando Nobre, Henrique Neto e o ex-ministro João Soares.

O jornalista moçambicano José Mussuaili elogiou a iniciativa e destacou a influência de Marcelo Rebelo de Sousa em Moçambique, dada a sua ligação histórica ao país.

"E Marcelo Rebelo de Sousa já poderia, na minha opinião, ter tido uma intervenção mais assertiva, já poderia ter falado muito mais cedo, já podia ter aconselhado tanto uma parte como outra a terem moderação, a e sentarem à mesa e a conversarem.”

Chegada de Mondlane a Maputo
Cidadãos destacam na carta que todos têm o dever cívico de ajudar MoçambiqueFoto: Jaime Álvaro/DW

Apesar de a presidência portuguesa evitar ingerências nos assuntos internos de Moçambique, Mussuaili acredita que Marcelo está a ajudar diplomaticamente:
"É melhor chegar-se a um consenso. Ou se repetem as eleições ou se entrega o poder ao verdadeiro vencedor. Acima de tudo tem que se respeitar, sim, a vontade do povo moçambicano.”

Diálogo como solução

Enoque João, presidente da Casa de Moçambique, afirma que o mais importante não é apenas a chegada de Mondlane, mas o diálogo entre todas as partes.
"Obviamente que isso contribuirá para o diálogo entre todas as partes. Mas o mais importante é que nós enquanto moçambicanos queremos diálogo entre todos para chegarmos a um entendimento, porque o Estado de Moçambique está degradado.”

Enoque João considera inevitável o diálogo para ultrapassar o atual impasse político e garantir a estabilidade futura do país.

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