1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
EconomiaSão Tomé e Príncipe

Espera por petróleo será causa de "geração frustrada" em STP

Lusa
6 de outubro de 2024

Antigo ministro de São Tomé e Príncipe diz que "sinais evidenciam" a existência de petróleo no arquipélago. Geração de empreendedores locais, porém, preparou-se para uma mudança económica que não aconteceu.

https://p.dw.com/p/4lSVZ
Imagens mostram navios em atividade na costa de São Tomé e Príncipe para os setores de turismo e petróleo. Organismos internacionais pediram transparênica na prospeção em 2014.
Exploração económica na costa de São Tomé e PríncipeFoto: DW/Ramusel Graca

A movimentação de gigantes do setor petrolífero em São Tomé e Príncipe estará a evidenciar que o arquipélago deverá experimentar uma intensa expansão na produção deste recurso nos próximos anos. Esta é a opinião do ex-ministro das Infraestruturas Osvaldo d'Abreu numa entrevista à agência Lusa. 

Em outubro de 2022, o consórcio Galp e Shell confirmou "a existência de um sistema petrolífero ativo" no poço denominado "Jaca" no bloco seis da Zona Económica Exclusiva (ZEE) de São Tomé e Príncipe, mas sem evidência de que "tenha um potencial recuperável suficientemente grande para ser comercial".

A esperança de que São Tomé e Príncipe será um produtor de petróleo e  transformará a sua economia não é uma novidade. Há mais 20 anos fala-se nisto, mas até hoje o país não bombeou qualquer barril.

Segundo Osvaldo d'Abreu, agora "os sinais evidenciam a existência de petróleo e investidores querem estar presentes". O ex-ministro das Infraestruturas cita a presença da Petrobrás e da Galp, que estão a fazer pesquisas e investindo milhões na região. 

Imagens do arquipélogo de São Tomé e Príncipe, uma área onde acredita-se que poderá ocorrer intensa exploração de petróleo.
São Tomé e Príncipe é vizinho de países produtores de petróleoFoto: DW/Ramusel Graca

A possibilidade de existência de petróleo ao largo da costa de São Tomé e Príncipe tem motivado o interesse das grandes petrolíferas, como a TotalEnergies ou a Galp, que chegou a lançar uma missão exploratória. 

Especulação e frustração

O autor do livro "Petróleo em São Tomé e Príncipe - Os efeitos das expectativas geradas nos agentes económicos" acrescentou à agência Lusa, que, apesar da provável existência de petróleo em quantidade suficiente para tornar a exploração economicamente viável, há também frustração na sociedade são-tomense que espera a transformação da economia via petróleo há mais de duas décadas.

Segundo Osvaldo d'Abreu, cidadãos viram-se prejudicados porque investiram na perspetiva de que a economia ia para uma certa direção que não seguiu, e perderam. Mesmo assim, seguindo o ex-ministro, falar da possibilidade da existência de petróleo trouxe mais vantagens que desvantagens.

"Há construções abandonadas, empresas que acabaram por fechar e famílias e investidores que modificaram o seu 'modus operandi', ampliaram os seus negócios na perspetiva de mais serviços, e há também muitos quadros que direcionaram a sua formação para as minas e muitos estão frustrados porque ficaram com uma formação técnica sem aplicação prática no país", afirmou à agência Lusa.

Área de São Tomé e Príncipe onde a população costuma aproveitar a praia. Aqui está uma imagem da tradição do Banho Santo em São Tomé.
Uma geração de empreendedores preparou-se para a mudança económicaFoto: DW/R. Graça

A mudança que não aconteceu

Osvaldo d'Abreu lembra que os efeitos das expectativas estão espalhados por todo o território nacional, principalmente entre 2012 e 2014. Para ele, no cômputo geral, houve mais aspetos positivos do que negativos, disse Osvaldo d'Abreu sobre a expectativa da existência de petróleo nas águas ultraprofundas de São Tomé e Príncipe.

O petróleo, explicou, "colocou São Tomé e Príncipe no mapa como um lugar mais conhecido e como um lugar com algum interesse para o investimento, o que antes da assinatura do memorando [de exploração petrolífera], em 1997, não acontecia".

Nesta época, segundo o ex-ministro, isso foi encarado como [o país podendo vir a ser] um grande produtor de petróleo e, com a pouca população que tem, isso podia mudar radicalmente a vida das pessoas", acrescentou, lembrando os "grandes investimentos associados diretamente à perspetiva da exploração na área turística, da construção civil e do comércio, para além das infraestruturas".

São Tomé e Príncipe é  vizinho da Guiné Equatorial e da Nigéria, o maior produtor de petróleo na África subsaariana.

Empoderar mulheres africanas e afrodescendentes em Portugal