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Macron chega a Luanda com novos acordos em cima da mesa

2 de março de 2023

Presidente francês, Emmanuel Macron, chega esta quinta-feira (02.03) a Luanda onde será homenageado na Assembleia Nacional. Especialistas frisam que é uma oportunidade para relançar setor agrícola, mas pedem cautela.

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Foto: STEFANO RELLANDINI/AFP

O Presidente francês, Emmanuel Macron, começou esta semana uma visita a África, que o leva a  quatro países: Gabão, Angola, República do Congo e República Democrática do Congo.

Emmanuel Macron quer intensificar as relações económicas com o continente africano. Analistas ouvidos pela DW esperam que, com esta visita, o país possa estabelecer acordos de parceria no setor da agricultura.

Relançar o setor agrícola

Para Osvaldo Mboco, especialista em assuntos internacionais, Angola possui potencialidades para relançar o setor agrícola, com o apoio de França.

"Tendo em atenção que Angola representa uma das principais potencialidades agrícolas ao nível do mundo, tem terras aráveis, tem clima favorável, tem água, e isso pode concorrer significativamente para agricultura em Angola, bem como uma linha de financiamento ou investimento francês nessa direção e que serviria significativamente para Angola diversificar também as suas linhas de receitas”, comentou.

O autor do livro intitulado "Os Desafios de África no Século XXI" entende que isso poderá ajudar no sentido de fortalecer a segurança alimentar de Angola, ao mesmo tempo que contribuiria para a redução do índice elevado do desemprego. 

"E isso poderá reduzir a pressão que se tem nesse âmbito, dar maior poder de compra às famílias, aumentar o volume de negócios no país e permitir concomitantemente a deslocação das pessoas das grandes cidades para os campos", frisou.

Angola Bauer in Huambo
Visita de Macron a Angola é vista como oportunidade para fomentar indústria da agriculturaFoto: José Adalberto/DW

Saldo positivo?

As trocas comerciais entre Angola e França valeram ao país africano um saldo de dois mil milhões de dólares em 2022, o maior registo nos últimos cinco anos. 

Nkinkinamo Tussamba, especialista em relações internacionais, olha a visita de Macron com ceticismo "porque muitas vezes nós olhamos para estas potências e (nos) submetemos às suas estratégias", criticou.

"No caso de França, ela tem uma agenda meramente europeia e quando olhamos para aquilo que é a nossa estratégia, às vezes nem temos alguma. E quando estamos na mesa das negociações eu busco sempre aquilo que é o equilíbrio", frisou.

Emmanuel Macron esperado em Luanda

Visita anterior cancelada

Macron teve visita prevista a Angola para maio de 2020, mas teve de ser cancelada devido às limitações impostas pela pandemia de Covid-19. João Lourenço voltou a encontrar-se com o seu homólogo à margem da Cimeira para o Financiamento das Economias Africanas em Paris em maio de 2021.

França mantém relações diplomáticas com Angola desde a sua independência, tendo a cooperação bilateral sido lançada através de um acordo assinado em 1982. Segundo a página da Embaixada de França, este país é o segundo maior investidor estrangeiro e um dos principais empregadores privados de Angola.

A multinacional petrolífera Total e a Castel, fabricante de cerveja Cuca, são algumas das maiores empresas presentes no país africano. A passagem de Macron por Angola segue-se a outras visitas de alto nível como a dos reis de Espanha, em fevereiro, e dos ministros dos Negócios Estrangeiros da China, Qin Gang, e da Rússia, Serguei Lavrov, em janeiro.