Eleições: Moçambique continua à espera dos resultados finais
27 de outubro de 2014Onze dias após as eleições gerais de 15 de outubro, aguarda-se a qualquer momento o anúncio oficial dos resultados finais. Os resultados finais provisórios, antes da requalificação dos votos inválidos, dão vitória ao partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), e ao seu candidato às presidenciais, Filipe Nyusi.
Nyusi está a frente com 57,14% dos votos, seguido de Afonso Dlakhama, o líder da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) com 36,38% e de Daviz Simango do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) com 6,48%.
Os atuais resultados preveem um Parlamento com 142 deputados para a FRELIMO, 89 para a RENAMO e 19 para o MDM, representando um decréscimo de 49 assentos para o partido no poder.
“Há um equilíbrio que vai regressar ao Parlamento. Provavelmente, vai traduzir-se na qualidade e na necessidade de termos um Parlamento onde a construção de consciências tem de ser a cultura dominante”, afirma o analista Gil Laurenciano.
Ansiedade aumenta
Enquanto se aguarda o anúncio oficial dos resultados finais pela CNE aumenta a ansiedade no seio do eleitorado. “À medida que o tempo passa, os órgãos eleitorais não divulgam os resultados e vão surgindo casos, como dos sítios onde o número de eleitores superou de forma grosseira os inscritos”, exemplifica o especialista.
Um dos alegados ilícitos eleitorais registou-se numa mesa de voto na cidade da Matola, na Escola Secundária Completa de Tunduru, onde estavam inscritos 506 eleitores, mas na contagem de votos foram encontrados 906 a favor do candidato da FRELIMO, Filipe Nyusi.
“Se for um edital falso, não há-se ser processado. Mas também se for verdadeiro, mas o seu conteúdo não estiver conforme, não há-de ser processado. O sistema automaticamente rejeita-o”, esclarece o porta-voz da CNE. Paulo Cuinica lembra ainda que 800 é o número máximo de eleitores que se pode ter numa mesa de uma assembleia de voto.
Fim da instabilidade política?
Que repercussões poderá ter a demora na divulgação dos resultados das eleições gerais face aos problemas que estão a ser levantados é uma das várias questões que agora se põe.
“Provavelmente pode não ser desta vez que se dará dada por encerrada a instabilidade política que se seguiu às eleições de 2009”, afirma o analista Gil Laurenciano.
“A legitimidade das eleições e das instituições pode, durante o mandato, continuar a ser questionada”, prevê ainda o especialista.