Eleições em Angola: Cetismo e crítica entre eleitores
22 de agosto de 2017Uma pausa entre a propaganda eleitoral e o dia da votação em Angola - esta terça-feira (22.08) é dia de reflexão no país. Aos microfones da DW África, os angolanos residentes na capital, Luanda, elogiaram promessas de alguns candidatos, mas foram críticos e céticos em relação a outras.
O programa eleitoral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido que governa o país há 42 anos, foi o mais negligenciado pelos eleitores. Alguns cidadãos dizem que o partido no poder não cumpriu com as suas obrigações.
Durante um mês de campanha eleitoral, os partidos reafirmaram as promessas que estão nos seus programas de governação para o período de 2017 a 2022. Nesta segunda-feira, terminou a fase da campanha eleitoral em Angola. As eleições estão marcadas para quarta-feira, 23 de agosto.
O combate à corrupção, a criação de um milhão de empregos, e um Governo inclusivo e participativo são algumas das mensagens passadas pelas forças políticas que almejam dirigir o país nos próximos cinco anos.
"Mesmas promessas"
Para os funcionários públicos Fernando Fausto e João Gomes, os seis concorrentes à Presidência do país fizeram as mesmas promessas. "Estavam em pé de igualdade e cada partido teve a sua forma de apresentar o seu programa", disse Fernando Fausto.
Entretanto, "todos os partidos falaram sobre as mesmas coisas: emprego, educação e estabilidade social. Há muito tempo ouvimos tudo isso, e nada foi cumprido - principalmente pelo partido que está no poder. Em 2008 e 2012 foram prometidas as mesmas coisas, mas, até agora, nada se cumpriu", reclamou João Gomes.
Durante a campanha eleitoral do partido Aliança Nacional Patriótica (APN), o seu líder, Quintino Moreira, prometeu transformar a província do Namibe numa nova "Dubai", criando um milhão de postos de trabalho, caso seja eleito o novo Presidente de Angola.
Uma promessa irrealizável da APN, segundo Franciso Mapanda. O eleitor não acredita que o Namibe vai atingir em cinco anos o nível económico da maior cidade dos Emirados Árabes Unidos.
"Olhando o nosso contexto político ou financeiro, damos conta de que essa é uma promessa ilusória. Não podemos achar real um partido prometer que vai transformar essa província angolana numa Dubai em cinco anos."
Vendedoras ambulantes
As vendedoras ambulantes de Angola, conhecidas como zungueiras, muitas vezes alvo de discriminação, foram também auscultadas pelos seis cabeças-de-listas durante a campanha eleitoral dos partidos.
À DW África, as eleitoras Madalena, Neyde e Joana Portugal disseram que a efetivação das promessas é o que mais lhes interessa.
"Eles têm de cumprir com o que falaram. Estamos cansadas desta vida de zungueiras, a toda hora levam os nossos bens", disse Neyde. Outra comerciante desabafou: "Fizeram muitas promessas. Tomara que cumpram, não basta apenas prometer e não cumprir."
Durante as promessas dos partidos, o ativista Hitler Samussuku fez análises diárias dos tempos de antena de cada formação política na sua conta na rede social Facebook.
Segundo ele, a mensagem de esperança que o MPLA transmitiu não convenceu alguns eleitores, pois o partido já não realizou as promessas anteriores. Samussuku diz que a concretização dessas depende, unicamente, da vontade política.
"As promessas agora feitas pelos dois maiores partidos da oposição podem se realizar, mas apenas com vontade política”, concluiu.