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Eleições no Senegal em destaque na imprensa alemã

10 de fevereiro de 2012

Candidatura de Abdoulaye Wade à presidência, violência contra fazendeiros brancos na África do Sul e o regresso do fantasma da fome em África foram temas marcantes na imprensa alemã desta semana.

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Revista de imprensa
Revista de imprensaFoto: Fotolia

Quando não se fala durante anos de um país africano isso pode ser interpretado como um bom sinal. O Senegal, o único país da África ocidental que nunca conheceu um golpe de Estado, não atrai com frequência o interesse dos jornais alemães. Com a proximidade das eleições presidenciais, que se realizam a 26 de fevereiro, houve um súbito interesse pelo país vizinho da Guiné-Bissau.

“Wade sozinho em casa”, titulou o Neues Deutschland. “Prosseguem os protestos contra um possível terceiro mandato do presidente senegalês, Abdoulaye Wade”, escreve o jornal.

“Wade, o herói da transição pacífica no ano 2000, que pôs fim ao jugo socialista de 40 anos, é hoje alvo de protestos. Apesar dele próprio ter limitado a dois o número de mandatos presidenciais, apresenta-se pela terceira vez como candidato”, sublinha o Neues Deutschland. Apesar da Constituição senegalesa estabelecer um limite de dois mandatos,  Wade  defende-se dizendo que foi eleito pela primeira vez em 2000 e portanto antes da reforma constitucional de 2001 que determina esse limite.

O Supremo Tribunal senegalês decidiu que o atual Presidente do país, Abdoulaye Wade, poderá recandidatar-se a um terceiro mandato, recusando o recurso apresentado pela oposição que questionava a validação da candidatura por parte do Conselho Constitucional. Dos 17 candidatos iniciais, apenas 13 poderão disputar as Presidenciais contra Abdoulaye Wade.

Uma das quatro candidaturas rejeitadas pelo Conselho Constitucional é a do cantor senegalês Youssou N'Dour, mundialmente conhecido pela interpretação do tema “Seven Seconds”. O cantor também apresentou recurso desta decisão, mas o mesmo foi negado.

Abdoulaye Wade tenciona candidatar-se de novo apesar dos seus 85 anos
Abdoulaye Wade tenciona candidatar-se de novo apesar dos seus 85 anosFoto: dapd

Para os candidatos presidenciais, que fundaram o movimento de oposição a Wade M23, consideram “que só haverá eleições justas se Wade retirar a sua candidatura”, salienta o Neues Deutschland.

O medo dos fazendeiros brancos África do Sul

“Semana após semana, fazendeiros brancos tem sido brutalmente atacados por negros. Uma colina cheia de cruzes evoca os fazendeiros mortos desde o final do Apartheid”, escreve o Die Zeit. Desde 1991, após o início das reformas democráticas que selaram o fim do apartheid,  foram assassinadas nas fazendas sul africanas três mil pessoas.

“Muitos fazendeiros não aguentam mais as ameaças permanentes e desistem. Há vinte anos atrás havia na África do Sul cerca de 62 mil fazendas, hoje são perto de 40 mil. Os fazendeiros falam de uma crise nacional, uma vez que a redução do sector agrícola ameaça 50 milhões de pessoas”, nota o Die Zeit.

A África do Sul, país com a agricultura mais produtiva do continente africano, importa desde 2009, pela primeira vez na sua história, alimentos.

O fantasma da fome regressa

Enquanto o Corno de África ainda enfrenta as consequências da fome anuncia-se a próxima catástrofe na zona do Sahel. “A morte pela fome é uma morte lenta, também bebés e crianças lutam durante meses, por vezes anos contra ela. Para muitas organizações internacionais de auxílio humanitário a fome, por muito cínico que pareça, é uma grandeza estatística. As Nações Unidas falam em fome quando mais de 2 em mil adultos morrem em consequência da falta de alimentos ou quando mais de quatro crianças em dez mil morrem em consequência da subalimentação”, escreve o Süddeustche Zeitung.

Muitas vezes quando a fome é declarada é demasiado tarde. Os sistemas de alarme já mostraram ser falíveis e a mobilização da comunidade internacional “apesar da CNN e da internet demora”.

Milhares de vidas poderiam ter sido salvas, se a comunidade internacional tivesse respondido mais depressa à catástrofe humanitária no Corno de África. Entre 50 mil e 100 mil pessoas morreram entre Abril e Agosto do ano passado e metade eram crianças com menos de cinco anos. A denúncia foi feita pelas organizações humanitárias Oxfam e Save the Children, num relatório sobre a catástrofe humanitária que no ano passado atingiu o Quénia, a Etiópia e a Somália.

Entretanto, escreve o Süddeutsche Zeitung, “Níger, Mali, Mauritânia, Burkina Fasso e Chade a partir do próximo mês de março sofrerão um período de carência com a duração de pelo menos seis meses”.

“Não devemos esperar até que as pessoas comecem a morrer de fome para atuar”, sublinhou Olivier De Schutter, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação, citado pelo jornal. “O mundo necessita de reagir imediatamente para evitar uma crise alimentar e de nutrição em grande escala”.

Autor: Helena de Ferro de Gouveia
Edição: António Rocha





 

Um menino ugandês num campo de refugiados em Gulu, no Uganda
Um menino ugandês num campo de refugiados em Gulu, no UgandaFoto: DPA