Eleições em STP: Segunda volta prevista para 29 de agosto
4 de agosto de 2021A divulgação do resultado final das presidenciais de 18 de julho, esta quarta-feira (04.08), por Gilson dos Reis Lima, secretário-geral de apuramento das eleições do Tribunal Constitucional, marca o fim da crise que abalou o país quase duas semanas.
Segundo o balanço divulgado hoje, Carlos Vila Nova, do partido ADI, está em primeiro lugar no boletim de voto e Posser da Costa, do MLSTP, em segundo.
A DW África apurou junto da Comissão Eleitoral Nacional (CEN) que a segunda volta das presidenciais vai ser agendada para 29 de agosto, mas tudo vai depender da Assembleia Nacional, que deverá discutir uma alteração à lei eleitoral.
A situação deve-se ao imbróglio eleitoral que se tinha instalado no Tribunal Constitucional, depois de o candidato Delfim Neves contestar o resultado da primeira volta e pedir uma recontagem de votos.
Ativista defende uma nova CEN
A ativista e jurista são-tomense Celeisa Deus Lima entende que a democracia está agora fragilizada em São Tomé. "Defendo que as eleições devem ser organizadas por profissionais contratados, por membros da sociedade civil, pessoas credíveis e isentas, que assegurem a transparência a justeza das eleições", disse Deus Lima à DW.
Para a ativista, depois destas eleições, "deve-se dissolver a Comissão Eleitoral Nacional, e a Assembleia Nacional deve nomear uma nova comissão, porque no próximo ano teremos eleição legislativas".
"Nós não podemos passar por esta mesma situação. São Tomé e Príncipe nem de longe nem de perto pode viver o que está a acontecer nestas eleições. Não há democracia que sobreviva a esses atropelos à Constituição e às leis", defendeu.
Terceiro colocado
O Presidente da Assembleia Nacional e terceiro candidato mais votado na primeira volta das eleições presidenciais são-tomenses, Delfim Neves, protestou contra os resultados da primeira volta e pediu junto ao Tribunal Constitucional a recontagem dos votos, que, entretanto, foi negada pelo tribunal.
Após desacordo entre os juízes e dias sem uma definição sobre o processo eleitoral, Neves desistiu da contestação, mas deixou sérios avisos.
"Muitos são-tomenses querem saber a verdade, mas alguns de nós, sobretudo da esfera do poder, temos que dizer isso de forma muita clara: querem adiar o conflito, porque este conflito não vai ficar por aí. No futuro próximo vamos ter vários problemas nas eleições, se não se aproveitar agora para clarificar tudo, vai ser um pandemônio no futuro próximo. Podem escrever, que já nos próximos pleitos vai ser um problema grave em São Tomé e Príncipe", disse Neves.
Falando a apoiantes na última segunda-feira, Delfim Neves apelou ao boicote à segunda volta das eleições. "Para nós, este ato eleitoral está ferido de vício, está ferido de muita ilegalidade, e deve ser anulado. É este o princípio que nós defendemos. Enquanto não houver recontagem dos votos, vamos observar a luta dos outros candidatos".
A Assembleia Nacional deve pronunciar-se nos próximos dias sobre a alteração à lei eleitoral e confirmar a data da segunda volta das presidenciais, agendada até ao momento para 29 de agosto.