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Egito terá governo de união nacional após renúncia da transição

22 de novembro de 2011

Militares e partidos políticos egípcios concluíram acordo para a formação de um governo. Antes, milhares de pessoas participaram numa manifestação no Cairo exigindo a saída dos militares, no poder desde fevereiro.

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Milhares de pessoas participaram numa nova grande manifestação no Cairo para exigir a saída imediata dos militares do poder
Milhares de pessoas participaram numa nova grande manifestação no Cairo para exigir a saída imediata dos militares do poderFoto: dapd

Um governo de salvação nacional, cuja missão será a concretização dos objetivos da revolta desencadeada a 25 de janeiro, foi anunciado no termo da reunião convocada pelo Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) no poder desde o início da revolta popular que derrubou o presidente Hosni Moubarak, em fevereiro passado.

O CSFA abordou nesta ocasião a possibilidade de ser nomeado o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Mohamed El-Baradei, para o cargo de primeiro ministro, em substituição de Essam Charaf, demissionário desde segunda-feira à noite. Também o nome de Abdelmoneim Aboul Fotouh, potencial candidato à eleição presidencial e ex-membro da Irmandade Muçulmana (principal grupo oposicionista do Egito durante o regime de Mubarak) terá sido evocado nessa reunião.

Tahrir volta encher-se

Antes do encontro, milhares de pessoas juntaram-se ao princípio da tarde na simbólica Praça Tahrir, para reivindicar a entrega do poder o mais rápido possível a uma autoridade civil, acusando os militares de reeditarem a política de repressão do regime de Hosni Moubarak. "O povo exige a demissão do Conselho Supremo das Forças armadas", gritavam os manifestantes.

Recorde-se que, 24 horas antes, o CSFA reconhecera pela primeira vez desde o início dos confrontos - que fizeram 28 mortos em três dias - que o país se encontrava em "crise", depois do governo de Charaf, nomeado em março para gerir os assuntos correntes, ter apresentado demissão.

Eleições manchadas pela violência?

Um cartaz eleitoral para as legislativas de 28 de novembro
Um cartaz eleitoral para as legislativas de 28 de novembroFoto: picture alliance/dpa

Vários analistas consideram que o Egito enfrenta a pior crise desde o derrube do ex-presidente - e isto a menos de uma semana das primeiras eleições legislativas da era pós-Mubarak. Neste contexto turbulento teme-se que as eleições sejam manchadas pela violência.

A Irmandade Muçulmana, que representa a força política com melhor organização do país, boicotou a manifestação em Tahrir e lançou apelos à calma. Porém, os egípcios parecem determinados a realizar manifestações até que os militares entreguem o poder aos civis. "Exigimos agora uma data concreta aos militares para a transfêrencia do poder aos civis. Se não cumprirem, vamos regressar todos os dias à Praça Tahrir", diz um anónimo.

Militares "sufocaram a revolução"

A Amnistia Internacional acusa o CSFA de " sufocar a revolução" e violar os direitos humanos
A Amnistia Internacional acusa o CSFA de " sufocar a revolução" e violar os direitos humanosFoto: dapd

A Junta Militar prometeu entregar o poder aos civis depois da eleição presidencial que deverá acontecer após das legislativas. Só que nenhum data foi ainda marcada.

O Conselho militar é acusado de querer permanecer no poder e de não estar disposto a cumprir promessas de reformas, além de prosseguir com a política de repressão da era Mubarak.

Segundo a Anistia Internacional, o CSFA " sufocou a revolução" e algumas violações dos direitos humanos cometidas desde que está no poder são piores que sob o regime Mubarak.

Num relatório divulgado esta terça-feira (22.11), a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos enumerou uma lista que considera "inquietante" de violações dos direitos humanos cometidas sob o poder do Conselho Superior das Forças Armadas que lidera o Egito desde o início da revolta popular.

Autor: António Rocha
Edição: Helena Ferro de Gouveia / Renate Krieger