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Dia do Trabalhador é marcado por protestos e prisões

kg | Lusa
1 de maio de 2018

Em Paris, manifestantes entram em confronto com a polícia e, na Turquia, 77 pessoas são presas. Em Maputo, manifestação por aumento salarial reúne 35 mil pessoas. Em Angola, sindicato critica subida do desemprego.

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Grupo de pessoas encapuzadas entrou em confronto com a polícia em ParisFoto: Reuters/C. Hartmann

O Dia do Tabalhador por marcado por protestos em vários países do mundo esta terça-feira (01.05). A manifestação mais violenta foi registada em Paris, a capital francesa, onde um grupo de mascarados e encapuzados lançou projéteis contra a polícia, que revidou com bombas de gás lacrimogéneo e jatos d'água.

Um restaurante, uma concessionário de carros e uma imobiliária foram danificados. O ministro francês do Interior, Gérard Collomb, condenou "com firmeza" a violência e o vandalismo. 

Na Turquia, pelo menos 77 manifestantes foram presos pela polícia durante as celebrações do Primeiro de Maio. A maior parte das detenções ocorreu quando os cidadãos tentaram entrar na Praça Taksim, no centro de Istambul, local que foi fechado ao público esta terça sob forte esquema de segurança.

Os manifestantes protestavam pelo reforço dos direitos dos trabalhadores na Turquia e contras as condições laborais no país. Entre 2003 e 2017, pelo menos 17 mil pessoas morreram em acidentes de trabalho na Turquia e 1,7 milhões de trabalhadores sofreram acidentes de trabalho. 

Em Moscovo, mais de 100 mil pessoas foram à Praça Vermelha em um protesto convocado pelos principais sindicatos da Rússia pelo Dia do Trabalho. A economia do país saiu da recessão, mas devido às sanções ocidentais e aos baixos preços do petróleo, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça apenas 2% neste ano.  

O Dia do Trabalhador é comemorado maioritariamente em todo o mundo, a 1º de maio – em alusão ao protesto de 1886, que juntou em Chicago mais de 500 mil trabalhadores que reinvindicaram a redução do horário de trabalho para as oito horas diárias. 

Aumentos salariais

Em Moçambique, cerca de 35 mil pessoas participaram de um protesto em Maputo exigindo "aumentos salariais" e "melhores condições" de vida à classe trabalhadora. A concentração alusiva ao Primeiro de Maio foi convocada pela Organização dos Trabalhadores de Moçambique - Central Sindical (OTM-CS).

O desfile decorreu na Praça dos Trabalhadores, com hinos e cartazes de repúdio pela subida do custo de vida. Os participantes criticaram o reajuste do salário mínimo anunciado em abril pelo Governo, entre 6% e 18%, que consideram como insuficiente.

"Um aumento de 260 meticais é absurdo para quem acorda todos os dias para ir trabalhar e paga impostos para que este país cresça. É quase um insulto para nós", disse Olga Nunes, funcionária num dos centros de saúde de Maputo.

20 Jahre Frieden in Mosambik
Foto ilustrativa: Trabalhadores em MoçambiqueFoto: DW/Marta Barroso

Subordinada ao lema "Sindicatos juntos na luta pelos direitos laborais", a concentração teve a presença do presidente do Município de Maputo, David Simango, e de personalidades do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).

O secretário-geral da OTM-CS, Alexandre Munguambe, apelou ao Governo para que preste atenção às revindicações diante da crise económica que o país atravessa. "Estamos conscientes de que os resultados que alcançamos nas negociações com o Governo para o aumento salarial ainda não satisfazem os trabalhadores", observou Munguambe, acrescentando ser fundamental que se mantenha o diálogo.

Numa mensagem alusiva ao 1.º de Maio, o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, manifestou-se disponível para melhorar as condições de vida dos trabalhadores. Na declaração, o chefe de Estado dá conta da "disponibilidade do Governo" para "a implementação de medidas e políticas que contribuam para a melhoria gradual e sustentável das condições de vida dos trabalhadores e suas famílias".

Desemprego em Angola

Cerca de 100.000 trabalhadores angolanos perderam o emprego desde finais de 2014, devido à crise económica que o país atravessa. A estimativa é do secretário-geral da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos - Confederação Sindical (UNTA-CS), Manuel Viage. 

A "desaceleração" da economia angolana devido à quebra na cotação internacional do barril de petróleo desde 2014 "concorreu em grande medida" para a perda de postos de trabalho em todo país, admitiu o sindicalista. O setor da construção é o mais afetado.

Manuel Viage também critica a perda do poder de compra do salário mínimo nacional face à inflação, que cobre apenas 24% do valor da cesta básica. "Estamos diante de uma precariedade bastante acentuada e ainda é agravada com o fato de termos os órgãos da administração da justiça laboral em funcionamento débil", afirma.

 Não há sinais que nos indicam que durante o ano o quadro do trabalhador possa melhorar", situação que nos deixa "bastante preocupados", sublinhou o secretário-geral da UNTA-CS. 

Para as celebrações do Dia Internacional do Trabalhador, a UNTA agendou atos públicos de massas em todas as províncias do angolanas.

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