Desenvolvimento Rural em São Tomé e Príncipe – Parte III: "O perfume que encanta... e desencanta – transformação de produtos locais"
12 de dezembro de 2010O perfume muda tudo. Sebastião Pires é um homem empreendedor, sem dúvida, mas, sem perfume, o seu sabão não lhe vale de muito em S. Tomé e Príncipe. Como a sua mais recente experiência é o fabrico de sabão, o santomense pretende, com as pinhas de andim das suas palmeiras, produzir óleo de palma. Porque este é um dos ingredientes que usa para fazer o sabão.
Apoiado em arames pela perna esquerda e pelo pé direito, um dos seus quatro empregados corta as poucas pinhas de andim que sobram no topo das palmeiras. Estas são as que Pires já tinha no terreno antes de plantar as últimas 700 e estão já um tanto velhas, mas o agro-industrial faz questão de aproveitar todas as pinhas que elas produzirem. Parte da colheita foi feita na semana anterior, e se estes últimos andins não forem colhidos agora, acabarão por apodrecer. É que Sebastião Pires deixará o negócio sem gestão por, pelo menos, uma semana. Pires embarca no próximo vôo para Portugal – é de lá que vem o sabão que faz a delícia das mulheres santomenses e será lá que o produtor procurará o seu perfume.
De há uns anos para cá, o que é internacional, em S. Tomé parece ser sinónimo de bom. É a moda que dificulta o negócio também a Sebastião Pires. No que toca ao sabão, mesmo sendo mais caro, aquele que actualmente faz furor no mercado santomense é o sabão azul – aqui já todos se familiarizaram com a cor. E aquele que é produzido nas ilhas é o que está na base da hierarquia dos sabões, seja ele azul ou manchado por outro corante. É que, no país, ainda falta o perfume.
Um trabalho da autoria de Sérgio Nunes (Rádio Jubilar 91.9 FM) e de Marta Barroso (Deutsche Welle).