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Prémio para defensora das vítimas do apartheid

Thuso Khumalo | gcs
3 de março de 2017

Nomarussia Bonase é a vencedora do Prémio Feminino Anne Klein 2017. A sul-africana luta pelos direitos das vítimas do apartheid que ainda estão à espera de uma indemnização.

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Foto: DW/T. Khumalo

Nomarussia Bonase, de 50 anos, celebrou o Prémio Feminino Anne Klein com um grupo de familiares e amigos nas ruas da township de Thokoza, nos arredores de Joanesburgo. Bonase cantou e dançou.

"Não estava a acreditar que era verdade. Quando me disseram de novo, perguntei se era mesmo eu que tinha ganho o prémio", conta a ativista à DW. "Chorei quando disse à minha família e ao meu grupo."

O prémio da fundação alemã Heinrich Böll, ligada ao partido "Os Verdes", é atribuído anualmente a mulheres empenhadas em promover a democracia de género.

Bonase é a coordenadora nacional do Grupo de Apoio Khulumani, uma organização que representa mais de 100 mil vítimas do apartheid que lutam para obter indemnizações de danos causados pelo antigo regime de segregação racial.

Südafrika Nomarussia Bonase gewinnt Anne Klein Award
Grupo de Nomarussia Bonase pede indemnizações para vítimas do apartheidFoto: DW/T. Khumalo

É o caso de Danisile Maphanga, que reivindica uma compensação estatal por causa da morte do seu filho por militares durante o apartheid.

"Nomarussia é de facto uma mulher corajosa e inteligente, o pilar da nossa organização", diz Danisile. "Estou muito contente com o prémio. Sem ela não conseguiríamos fazer nada. Ela pode bater a qualquer porta."

"Não tivemos uma vida decente"

Mathemba Mthembu, de 70 anos, acredita igualmente que Nomarussia Bonase está a fazer um bom trabalho ao tentar reparar os danos do passado. E também ela procura respostas e uma indemnização pela morte do filho.

"O meu filho morreu em 1993 em plena luz do dia. Eu vi. Mataram-no à minha frente. Levaram-no para fora de casa e mataram-no a tiro. Deixou uma criança, hoje com 22 anos. Sofremos, passámos fome, estamos emocionalmente destruídos. Não tivemos uma vida decente."

Prémio para defensora das vítimas do apartheid

Além de lutar por indemnizações, Bonase também ajuda estas mulheres a procurar trabalho. "Queremos que o Governo ouça, reconheça e compense o que fez às pessoas. Consideramos que a indemnização é o primeiro passo da transformação", afirma a ativista.

Nomarussia Bonase explica que as injustiças que viveu durante o apartheid motivaram-na a dar voz aos mais oprimidos: "Às vezes, não consigo dormir à noite quando vejo a dor e a miséria das pessoas que depositam em mim as suas esperanças."

Na rua, há pessoas que dizem que "se Nomarussia for bater a uma porta, talvez alguma coisa aconteça."

A ativista recebe, esta sexta-feira (03.03), em Berlim, o Prémio Anne Klein, da fundação alemã Heinrich Böll.

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