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Crise não poupa economias dos PALOP

Henry-Laur Allik Lusa
28 de outubro de 2016

Se fosse um país, a CPLP seria a sexta maior economia do mundo. Essa é a boa notícia. A má notícia é o fraco crescimento económico prognosticado para os nove neste e no próximo ano.

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Strand von Nacala
Nacala (norte de Moçambique)Foto: Madalena Sampaio

Segundo um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia da África subsaariana vai crescer em 1,4% este ano e preto de 3% em 2017. Mas estes números escondem uma profunda divisão em dois grupos de países: um primeiro, especialmente dependente da exportação de matérias-primas, que sofrerá uma recessão média de 1,3%; e um segundo grupo com taxas de crescimento que rondam os 5,5%.

Ainda assim, Angola escapa à justa à recessão: embora com uma taxa de crescimento zero em 2016, no próximo ano a economia deste país africano de língua oficial portuguesa (PALOP), quase inteiramente dependente das receitas do petróleo, deverá subir 1,5%. Mas tal como as outras duas maiores economias da região, a Nigéria e a África do Sul, Angola está sob "uma pressão económica severa”, resultante da quebra dos preços das matérias-primas no mercado mundial. O documento do FMI sobre a economia mundial revê em forte baixa as previsões de crescimento da economia angolana, já que em maio apontava para um crescimento de 2,5% este ano e uma ligeira aceleração para os 2,7% no próximo ano.

Crescimento fraco

Já Moçambique está no grupo dos países com um crescimento ainda razoavelmente alto. Mas também neste país a perspetiva pouco animadora: os analistas do FMI esperam um crescimento de 4,5% este ano e 5,5% em 2017, o que mostra uma degradação face às previsões de maio, de 6% e 6,8% respetivamente.

Cabo Verde (3,6% e 4%), Guiné-Bissau (4,8% e 5%) e São Tomé e Príncipe (4% e 5%). Estão entre os países com valores ainda elevados quando comparados aos indicadores de, por exemplo, Portugal, que deverá crescer modestos 1% e 1,1% em 1916 e 1917. Mas, como destacou o primeiro-ministro da São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, numa visita recente a Portugal: "Com um crescimento menor que 7%, nós não conseguimos criar emprego".

Com o mesmo problema de taxas insuficientes para os desafios que enfrentam debatem-se também os outros países lusófonos africanos e Timor-Leste (5% em 2016 e 5,5% em 2017). Moçambique, por exemplo, encontra-se numa profunda crise resultante da fraca exportação, da depreciação da moeda nacional, o metical e da subida em flecha da dívida do Estado. Uma situação agravada pela suspensão de ajudas internacionais devido ao recente escândalo das dívidas ocultas contraídas por empresas do Estado.

Recuo das relações comerciais

Angola Lebensmittel in Luanda
Os preços sobem em muitos PALOP dificultando a vida aos mais pobresFoto: DW/P. Borralho Ndomba

Segundo o FMI, as nove economias da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) juntas valem cerca de 2,7 mil milhões de euros, o que tornaria este grupo na sexta maior economia do mundo, se de um país se tratasse. No entanto, dois dos seus membros estão em franca recessão, com a Guiné Equatorial – outro país dependente do petróleo - a registar taxas de crescimento muito negativas; o Brasil poderá superar a recessão atual (-3,3% em 2017, com um modesto crescimento de 0,5%. O Brasil, que acolhe a 11ª cimeira dos chefes de Estado e de Governo da CPLP nos dias 31 de outubro e 1 de novembro, é a maior economia lusófona.

A crise que atingiu os países lusófonos teve repercussões também nas relações comerciais dentro da CPLP. Assim, a balança comercial entre Portugal e os PALOP piorou 26% no ano passado, embora continue positiva em 1,6 mil milhões de euros, segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística português. As trocas comerciais com Angola sofreram o maior revés, tendo encolhido para 959 milhões de euros em 2015, de 1,5 mil milhões de euros em 2014, à custa de uma redução de cerca de 30%, quer nas importações, quer nas exportações para o segundo maior produtor de petróleo na África subsaariana.

 

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