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Angola: Crescimento das apostas desportivas gera preocupação

Simão Lelo
26 de junho de 2024

Especialistas de Cabinda alertam para o aumento do vício do jogo entre os jovens. Apesar das restrições legais, muitos menores continuam a apostar na esperança de conseguirem ganhos fáceis e rápidos.

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Casa de apostas desportivas em Cabinda
Foto: Simão Lelo/DW

O fenómeno das apostas desportivas em Angola está a crescer e também a gerar alguma preocupação entre os especialistas, que temem o aumento do vício e da degradação social, especialmente entre os jovens.

De acordo com o Instituto Superior de Jogos, os angolanos gastaram 31 mil milhões de kwanzas (cerca de 31 mil euros) em apostas desportivas só no primeiro trimestre. Este valor reflete-se nas ruas das principais cidades do país, onde cada vez mais pessoas se concentram nos mediadores de apostas das principais operadoras e nas plataformas online.

O decreto presidencial n.º 130/20, artigo 6, alínea a), proíbe a participação de menores de idade e de indivíduos juridicamente incapazes em jogos e apostas online. No entanto, muitos menores continuam a apostar.

"Rendimento extra"

Em entrevista à DW, Luís Quivanga Lenda, ativista e professor, explica que, em Cabinda, "as apostas desportivas são tratadas como uma forma de rendimento extra garantida”. Segundo ele, "uma grande parte dos apostadores são menores de idade, muitos dos quais não possuem a responsabilidade financeira necessária para apostar."

Casa de apostas no bairro 4 de fevereiro, em Cabinda
Casa de apostas no bairro 4 de fevereiro, em CabindaFoto: Simão Lelo/DW

Alguns jovens apostam para ocupar os tempos livres, outros procuram aumentar o rendimento familiar.

Num ponto de venda na rua Duque de Chiazi, bairro 4 de fevereiro, em Cabinda, a DW falou com um jovem que diz que, mesmo nunca tendo ganho, aposta frequentemente.

"Tenho esperança!"

"Tenho esperança. Continuo a apostar 200 kwanzas (vinte e dois cêntimos) todos os dias, mesmo sem ter ganho ainda. Mas há pessoas que ganham quase sempre”, diz.

Raúl Domingos, de 22 anos, faz apostas desportivas há um ano e reconhece que a sorte é um fator determinante:

"Neste jogo, não há bons apostadores, depende da sorte. Já perdi mais do que ganhei", confessa.

Luis Quivanga, ativista e professor, alerta para os riscos das apostas: "Há inúmeras formas que as empresas ou casas de apostas usam para incentivar as pessoas a apostar. Existe uma exploração do juízo comportamental dos usuários, o que faz com que acreditem que seja fácil e rápido."

Em Angola, o setor dos jogos é dividido entre apostas desportivas online e de base territorial, destacando-se as denominadas fichas.

Paiza Quela, promotor de apostas, explica que o trabalho no setor exige esforço e vontade, pois o rendimento depende do desempenho individual: "É um trabalho que requer muito esforço e vontade. Sem isso, não se consegue", afirma.

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