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Covid-19: Túneis que custaram milhares foram desativados

Carlos Matsinhe (Xai-Xai)
27 de maio de 2020

Depois de, no município de Xai-Xai, se ter investido o equivalente a quase 8.000 euros para instalar túneis de desinfeção, o Governo moçambicano desaconselhou o uso dos equipamentos. Vários cidadãos estão indignados.

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Foto: DW/C. A. Matsinhe

Com o avanço da Codid-19 em Moçambique, a edilidade de Xai-Xai instalou seis túneis de desinfeção em mercados, unidades sanitárias e outros locais de grande circulação de pessoas. Cada túnel custou 100 mil meticais por túnel (mais de 1.300 euros). No entanto, as autoridades locais tiveram que desativá-los, uma vez que o Governo central desaconselhou o uso dos túneis.

Alguns dos equipamentos nem chegaram a funcionar corretamente. Mas a edilidade de Xai-Xai diz que nada pode fazer senão conformar-se com a decisão do Executivo em Maputo. Enquanto o município espera por novas orientações, foram reforçadas as medidas preventivas da Covid-19.

"Já desativámos os túneis, que eram também uma forma de desinfetar. Assim sendo, uma equipa está a trabalhar nos mercados grossista e Limpopo para fazer o controlo das medidas de prevenção o uso de máscara a lavagem das mãos", afirma a vereadora da Ação Social no município de Xai-Xai, Ancha Matusse.

A vereadora refere que é preciso agir de modo a sensibilizar a população sobre os cuidados de higiene e prevenção contra a doença: "Vamos intensificar a sensibilização como forma de consciencializar as pessoas de que há uma necessidade de prevenir. Esse é um desafio, a prevenção desta doença, tendo em conta que alguns acatam e alguns não acatam."

Mosambik | Coronavirus | Xai-Xai | Markt
Túnel de desinfeção no mercado LimpopoFoto: DW/C. A. Matsinhe

Indignação

Na cidade de Xai-Xai, a instalação dos túneis de desinfeção era vista como uma medida viável para prevenir a doença nos mercados, terminais de transportes de passageiros e outros aglomerados populacionais. Nestes lugares costuma haver enchentes de pessoas, algumas sem máscara, e nem todas respeitam o distanciamento social de um metro e meio.

Carlos Mhula, residente em Xai-Xai, culpa as autoridades por terem feito a instalação sem a recomendação do conselho científico local: "Esse erro não é só dos que implementaram, é também do Governo, porque ficou distraído. Devia ter logo chamado a atenção."

Em relação ao desperdício de investimento, o residente defende que sejam responsabilizados os servidores públicos que implementaram os túneis.

Rui Pitambar, presidente da Associação Económica de Xai-Xai, organização que financiou alguns túneis, continua a defender o uso dos equipamentos.

"Em vários países os túneis existem, e eles dizem que isso dá efeito positivo e ajuda muita gente. É apenas sabermos usar. Se nós não vamos seguir isso, é um investimento mal feito, que não vai dar resultados", acrescentou o responsável.

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