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PolíticaCosta do Marfim

Costa do Marfim elege novo Parlamento no sábado

Silja Fröhlich | bd
5 de março de 2021

As eleições legislativas deste sábado (06.03) na Costa do Marfim são uma oportunidade para a oposição tentar recuperar o poder. O resultado poderá decidir o futuro dos partidos no país, dizem especialistas.

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A lista é grande: há mais de 1.500 candidatos aos 255 lugares na Assembleia NacionalFoto: Issouf Sanogo/AFP/Getty Images

A Costa do Marfim realiza amanhã eleições parlamentares, quatro meses depois das contestadas eleições presidenciais. Mas desta vez a campanha eleitoral, que já terminou na quarta-feira (03.02), decorreu sem incidentes, com a participação da oposição e apelos de todos os partidos para um escrutínio pacífico. Nas presidenciais de outubro, que ficaram marcadas pela violência, os partidos da oposição boicotaram o pleito. 

Agora, pela primeira vez numa década, quase todos os partidos da oposição participam no processo eleitoral, em particular a Frente Popular da Costa do Marfim do antigo Presidente Laurent Gbagbo e principal partido da coligação "Juntos pela Democracia e Soberania" (EDS), liderado pelo médico Georges Armand Ouegnin. A coligação estabeleceu uma aliança com o Partido Democrático da Costa do Marfim, liderado pelo ex-Presidente Henri Konan Bedie.

Elfenbeinküste Abidjan | Wahlen | Präsident Alassane Ouattara
Atual Presidente Alassane OuattaraFoto: Sia Kambou/AFP/Getty Images

À DW, Thilo Schöne, da Fundação Friedrich Ebert, com sede em Abidjan, diz que mesmo com a coligação dos chamados "pesos pesados" da política, os ex-presidentes contra o atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, deverá registar-se uma alta taxa de abstenção.

"Há receios de ir às urnas depois do que aconteceu no ano passado. Bédié e Gbagbo protestaram contra a reeleição em outubro de 2020 do Presidente Alassane Ouattara, que se tinha candidatado a um terceiro mandato, o que gerou controvérsia, e a oposição apelou à desobediência civil", recorda.

Os dois ex-Presidentes, que apelaram à "desobediência civil" e boicotaram as últimas eleições presidenciais, ainda não reconheceram a reeleição de Ouattara para um terceiro mandato, mas agora querem contrabalançar o seu poder na Assembleia Nacional.

Estabilidade política

Graças à participação da oposição, estas eleições legislativas estão a ser apresentadas como livres e representativas de um regresso à estabilidade política, após a violência ligada às eleições presidenciais de 31 de outubro, que deixaram 87 mortos e cerca de 500 feridos, refere Florian Karner, da Fundação Konrad Adenauer, em Abidjan.

"Agora tudo está mais calmo no país, tudo porque dois dos principais atores, ou seja, o antigo Presidente da República, Henri Konan Bédie, e o atual chefe de Estado, Alassane Ouattara, dialogaram muito ultimamente. Então, conseguiram baixar a tensão no país e há um campo de diálogo entre os atores políticos e isso é positivo", sublinha.

Elfenbeinküste | Präsidentenwahl |  Zusammenstöße zwischen Demonstranten und Polizei
Presidenciais de outubro foram manchadas pela violênciaFoto: Luc Gnago/REUTERS

A eleição conta ainda com vários candidatos independentes que poderão desempenhar um papel importante na Assembleia Nacional no caso de um resultado próximo entre o partido no poder e a oposição, diz ainda Florian Karner.

"O que acho muito bom e interessante é o facto de termos vozes independentes a tentar chegar ao Parlamento. Mesmo com as intimidações haverá uma mudança geracional. Esse grupo candidatou-se para fazer perguntas desagradáveis, porque quer fazer parte do sistema governamental sem qualquer tipo de medo. Há também uma ou duas mulheres muito fortes que estão a fazer a diferença", salienta.

Regresso de Laurent Gbagbo

Um dos opositores mais referenciados ultimamente é Laurent Gbagbo. O anitgo Pesidente vive exilado em Bruxelas desde a sua absolvição em primeira instância pelo  Tribunal Penal Internacional (TPI) de crimes contra a humanidade, mas o Presidente Ouattara declarou-se a favor do seu regresso, em nome da reconciliação nacional. O regresso foi anunciado para meados de março pelos seus apoiantes.

Para o pleito deste sábado, mais de 1.500 candidatos disputam o voto de cerca de sete milhões de eleitores em 205 círculos eleitorais, que elegerão 255 deputados.

Numa tentativa de pôr fim à violência eleitoral que marcou a história recente da Costa do Marfim, todos os participantes nas eleições legislativas votaram a favor de uma eleição pacífica e assinaram um código de boa conduta.