Corrupção nas escoltas militares em Moçambique
28 de novembro de 2016A situação que se vive nas estradas da zona centro não é das melhores. Os automobilistas e passageiros levam, em média, três a cinco horas à espera das escoltas militares. Por vezes só circula uma coluna, deixando centenas de viaturas a aguardar até ao dia seguinte.
"Há certos dias em que chego aqui, como aconteceu na última sexta-feira, e a coluna não regressou. Só de manhã", contou à DW África João Manasses, um dos vários passageiros que dizem já estar habituados a esta situação.
Pode até dar-se o caso de a coluna já não regressar por ser tarde. "Eles quando chegam aqui depois das 15:00 horas, já não regressam", explica o passageiro, que costuma frequentar a estrada entre Vila de Luenha, no distrito de Changara, província de Tete, e a cidade da Beira, na província de Sofala.
As longas demoras nas escoltas militares têm afetado muitas vezes os transportadores malawianos e zambianos, que levam no mínimo uma semana a chegar aos seus destinos.
Assaltantes vestem farda
O transportador John Tandicua confirma que a situação não está nada bem. Confessa que entrega dinheiro aos militares para facilitar a sua vida.
"A escolta militar demora muito para chegarmos ao nosso destino e os militares andam a pedir dinheiro para 'refresco' (suborno)", conta. "Segundo eles, nós somos obrigados a entregar qualquer valor monetário. Quando tenho 20 meticais, entrego-lhes".
O motorista moçambicano Zeca Cossa também contou à DW África que muitos militares mandam parar as viaturas e exigem dinheiro. Diz que se não pára ou paga, acontece o pior. "Acabam por levar à força e roubam muitas coisas", denuncia.
"Há dias balearam um motorista porque se negou a parar e acabou por perder a vida no Hospital Central da Beira", relata ainda Zeca Cossa. "São coisas que acontecem muito aqui na estrada".