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Clima

COP27: Falta de consenso pode prolongar conferência

DW (Deutsche Welle) | Lusa
18 de novembro de 2022

A conferência da ONU sobre as alterações climáticas, COP27, deveria terminar hoje no Egito, mas o final pode ser adiado por estarem em aberto questões fundamentais, especialmente relacionados com financiamento.

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Em Sharm el-Sheikh, estão reunidos decisores políticos, académicos e organizações não-governamentais para tentar travar o aquecimento do planeta.Foto: Mohammed Abed/AFP/Getty Images

A COP27 começou no dia 06 de novembro, com a participação de quase todos os países do mundo, e o final está marcado para hoje (18.11), com medidas na área da mitigação e adaptação às alterações climáticas e apoio aos países menos desenvolvidos, os que mais sofrem com o aquecimento global

O primeiro rascunho de um acordo que está a ser discutido na cimeira do clima no Egito pretende manter a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius, mas deixa muitas das questões mais controversas sem solução. Isto a menos de 24 horas do encerramento previsto da COP27, esta sexta-feira.

O chefe de política climática da UE, Frans Timmermans, admite que o primeiro rascunho deixa muito a desejar:

"Bem, o texto da capa ainda precisa de muito trabalho. Não estamos em posição de dizer que temos um espaço comum suficiente para chegar a um acordo… Então teremos de continuar as discussões e daremos a nossa contribuição, e esperamos que possamos encontrar esse terreno comum antes do final da COP”.

Ägypten Klimakonferenz COP27 Protest
Nas quase duas semanas de reunião não há para já uma decisãoFoto: Michael Kappeler/dpa/picture-alliance

Travar o aquecimento global

Em Sharm el-Sheikh, estão reunidos decisores políticos, académicos e organizações não-governamentais para tentar travar o aquecimento do planeta.

A ministra do clima do Paquistão, Sherry Rehman, é uma das vozes mais críticas a favor da responsabilização dos culpados e da indemnização dos países afetados. A governante frisou que os países em desenvolvimento continuarão a pressionar fortemente no sentido de se obter um acordo sobre a questão das "perdas e danos" nas negociações…

"Precisamos encontrar um terreno comum, mas também continuaremos a pressionar muito pela nossa agenda sobre perdas e danos. Porque é que isso importa? É porque todo o sistema da COP é baseado no princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas: justiça climática e uma barganha entre o norte global e o sul global. Agora, para que essa barganha não seja quebrada, temos que avançar com pelo menos, no mínimo, um anúncio político de intenções. Porque é isso que é necessário”, defende.

Para a ministra paquistanesa, o tema das perdas e danos é mesmo uma questão de justiça que tem de estar em cima da mesa.

"A vontade política de levar adiante a questão das perdas e danos e torná-la uma plataforma a partir da qual todos possamos navegar em termos de um mosaico de opções, de financiamento… É uma possibilidade que pode ser navegada pelos países em desenvolvimento que estão a enfrentar o peso do stresse climático na ordem dos milhares de milhões de dólares." 

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O acordo esperado

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu ontem um "acordo ambicioso e fiável”, admitindo "uma quebra de confiança entre os países do Norte e do Sul.

"A maneira mais eficaz de reconstruir a confiança é encontrar um acordo ambicioso e confiável sobre perdas e danos, e apoio financeiro aos países em desenvolvimento. O tempo de falar sobre perdas e danos acabou. Precisamos de ação. Ninguém pode negar a escala de perdas e danos que vemos em todo o mundo. O mundo está a arder e a afogar-se perante os nossos olhos. Exorto todas as partes a mostrar o que veem e obtêm. Envio um sinal claro de que as vozes daqueles que estão na linha de frente da crise estão finalmente a ser ouvidas. Refletem a urgência, a escala e a enormidade do desafio enfrentado por tantos países em desenvolvimento. Não podemos continuar a negar justiça climática àqueles que contribuíram para a crise climática e estão a ser os mais prejudicados. Agora é um momento de solidariedade”, defendeu Guterres.

Fracasso da COP27?

A falta de consenso no primeiro projeto de declaração final divulgado ontem deixa em aberto estas e outras questões, pelo que o final da COP27 agendado para hoje corre o risco de ser adiado. 

Ainda que a COP27 devesse terminar hoje participantes na conferência têm considerado que tal não é possível, e falam já de "fracasso" por não haver acordo sobre perdas e danos, apesar de o secretário-geral das ONU, António Guterres, ter pedido na quinta-feira que os países alcançassem um acordo "ambicioso e credível", destacando a necessidade de avanços imediatos para a questão das perdas e danos, a limitação dos combustíveis fósseis, e o financiamento para a adaptação e mitigação dos países pobres. 

Na quinta-feira o presidente da COP27, resumiu assim a situação, a pouco mais de 24 horas do fim da COP: "O trabalho de mitigação ainda não alcançou o resultado desejado, a adaptação ainda está a ser tratada, o financiamento climático ainda não se concretizou, e do lado das perdas e danos, as partes estão a evitar tomar as difíceis decisões políticas". 

Nas quase duas semanas de reunião não há para já uma decisão, um anúncio ou um acordo que faça da COP27 um grande sucesso no objetivo principal de lutar contra as alterações climáticas. 

Na noite de quinta-feira a presidência da COP27informou os presentes na conferência que as instalações estão disponíveis até domingo e que até esse dia estão também disponíveis a restauração e o transporte. 

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