COP 23: Protestos antecipam Conferência do Clima
4 de novembro de 2017Os manifestantes, alguns deles vindos de França e da Holanda, reuniram-se no centro de Bona neste sábado (04.11). No local, a organização não-governamental Greenpeace montou uma instalação com o globo terrestre onde se podia ver uma central termoelétrica a carvão e a cara da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, entre nuvens escuras e um apelo: "Fim ao carvão, Senhora Merkel!".
"É preciso um acordo sobre o carvão, a energia fóssil mais nociva de todas", disseram manifestantes de todas as idades ao lado de centenas de organizações como a Oxfam, o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), e a própria Greenpeace.
Também como forma de protesto, cerca de 800 ciclistas pedalaram cerca de 30 quilómetros de Colónia até Bona, que será palco da Conferência do Clima entre 6 e 17 de novembro. Até agora, anão se registaram problemas e os protestos foram pacíficos, segundo um porta-voz da polícia.
Mudaças climáticas
A COP23 reunirá cerca de 23 mil pessoas provenientes de 197 países. A principal tarefa é promover a luta contra as mudanças climáticas e as suas consequências para o planeta.
Ambientalistas e especialistas esperam que os políticos percebam a urgência de ações e mais esforços concretos para se reduzir as emissões de gases que provocam o efeito de estufa em larga escala - e pedem mais compromissos.
Segundo o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos, a COP23 tratará de definir um calendário para que os países estabeleçam metas para evitar o aquecimento global. Sem objetivos mais ambiciosos de redução das emissões de gases com efeito de estufa, não será possível cumprir o Acordo de Paris, diz Duarte Santos.
Acordo de Paris
O Acordo de Paris foi assinado em dezembro de 2015, durante a COP21, e entrou em vigor em novembro de 2016. Os países que ratificaram o acordo são responsáveis por 55% por cento das emissões globais de gases.
O objetivo do acordo é reduzir as emissões de modo a limitar o aumento da temperatura média do planeta aos 2º Celsius. A partir desse nível, fenómenos climáticos como as ondas de calor ou de frio, as secas ou as grandes inundações tornam-se mais frequentes e intensos, consideram cientistas.
Entretanto, relatórios recentes divulgados por entidades internacionais revelam que a situação piorou. O diretor do Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUMA), Erik Solheim, afirmou ser "catastrófica" a distância entre as promessas nacionais para reduzir emissões de gases com efeito de estufa e aquilo que é realmente necessário para manter o aquecimento abaixo de dois graus.
Durante a COP22, no ano passado, em Marraquexe, todos os Estados reafirmaram a continuação do acordo - exceto os EUA. Em Bona, este ano, deverão ser reiterados os compromissos já conseguidos.
Será a primeira vez que os representantes de quase 200 países encontram-se depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado, em junho, a sua saída do Acordo de Paris sobre redução de emissões de gases por considerá-lo "prejudicial ao seu país".