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PolíticaRepública Democrática do Congo

Conflito na RDC: Insegurança aumenta em Goma

DW (Deutsche Welle)
10 de fevereiro de 2025

Desde que a cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC), foi tomada pelos rebeldes do M23, há duas semanas, registaram-se numerosos casos de pilhagem e confisco de bens pertencentes a políticos.

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Vendedores ambulantes num mercado de rua em Goma, na província de Kivu Norte, República Democrática do Congo
Habitantes de Goma enfrentam diariamente insegurança crescenteFoto: Jia Nan/Imago

Em Kyeshero, a oeste de Goma, no leste da RDC, Irène, que não quis que a sua identidade fosse revelada, conta que o apartamento de uma familiar do general Peter Chirimwami, antigo governador militar do Kivu do Norte, assassinado a 23 de janeiro, foi confiscada pelo M23.

Os rebeldes ameaçaram matar os inquilinos da senhora "se não entregassem as chaves de todos os veículos que se encontravam no pátio" da casa, conta Irène. "Os agentes do Projeto de Apoio ao Setor Agrícola (PASA-RDC) também me confirmaram que os seus veículos tinham sido levados pelo M23. Muitas pessoas foram vítimas destas práticas porque estes rebeldes vieram obviamente para pilhar a população", acrescenta.

Para além dos veículos do exército congolês apreendidos, outras viaturas dos serviços públicos e até alguns de organizações humanitárias foram também levados pelo M23, segundo relatos de membros da sociedade civil local, que tem documentado os acontecimentos.

Escola destruída

"Desde a ocupação de Goma pelos rebeldes do M23, registaram-se casos de pilhagem de veículos pertencentes ao Estado congolês, de veículos de luxo pertencentes a particulares e de veículos pertencentes a certas ONG. Estamos também a observar a ocupação à força de instalações e edifícios pertencentes a funcionários do Estado e a alguns membros de alta patente do exército congolês", contou à DW um defensor dos direitos humanos cujo nome omitimos por razões de segurança.

Na sua investigação, que ainda não foi tornada pública, a sociedade civil lamenta igualmente a destruição de uma escola, cuja responsabilidade atrinbuem ao M23.

"Também documentámos a destruição da escola de Cinquantenaire, sob o pretexto de que pertence ao ministro Julien Paluku. Como a investigação ainda está em curso, outros casos serão apresentados em breve", revela ainda.

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Durante uma conferência de imprensa realizada na província de Kivu Norte, na passada quinta-feira (06.01), Corneille Nangaa, coordenador da Alliance Fleuve Congo, a ala política do M23, confirmou indiretamente o saque.

Assegurou que "catorze veículos" roubados tinham sido devolvidos aos seus proprietários e que as devoluções iriam continuar, com exceção dos bens pertencentes ao Estado e aos membros do governo.

Prisioneiros em fuga

Desde a tomada de Goma pelos rebeldes do M23, a insegurança aumentou na capital do Kivu Norte, onde homens armados não identificados entram nas casas quase todas as noites.

Para o analista Alidor Pilipili, este fenómeno pode ter originado a fuga de cerca de 4.400 reclusos da prisão central de Goma, a 27 de janeiro.

"Na cidade de Goma, a presença destes criminosos, que fugiram da prisão de Munzenze, está a espalhar o terror. Há assaltos todas as noites, as mulheres são violadas e as casas são saqueadas por estes bandidos. Tudo isto está a acontecer porque também constatámos que os soldados do M23 em Goma não têm pessoal suficiente e não conseguem assumir o controlo total da cidade", relata.

Depois de tomar Goma, o M23, com o apoio do exército ruandês, dirige-se agora para sul, em direção a Bukavu, a capital da província do Kivu Sul.

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