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Concurso público em Benguela: "Com positiva não se reprova"

Daniel Vasconcelos (Benguela)
13 de março de 2022

Candidatos ao concurso público no setor da educação, em Benguela, voltaram a sair às ruas da cidade capital para demonstrarem insatisfação quanto aos resultados, falta de transparência e credibilidade do concurso.

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  Demonstration of candidates for public tender in the education sector, in Benguela
Foto: Daniel Vasconcelos/DW

"Com positiva não se reprova, senhora ministra. Faça alguma coisa". Esta foi uma das muitas frases que se pôde ler nos cartazes que, este sábado (12.03), pintaram as ruas de Benguela na manifestação convocada por candidatos ao concurso público no setor da educação.

A manifestação teve lugar no centro da capital de Benguela,  defronte ao Liceu Comandante Cassanje, e contou com mas de 100 candidatos vindos dos vários municípios dos 11 que compõe a província. Decorreu de forma pacífica e sob o olhar atento da Polícia Nacional que primou pela ordem e a tranquilidade pública dos cidadãos.

Os candidatos mostram-se insatisfeitos quanto aos resultados do concurso onde alegam falta de transparência e credibilidade.

"Tivémos 13 valores e gostaríamos que fizessem connosco um enquadramento direto, tal como aconteceu com os candidatos do setor da saúde. Fizémos viagem atrás de viagem. Eu, por exemplo, fui concorrer a um dos municípios de Benguela (Balombo)", conta um dos manifestantes, Afonso Adelino.

  Demonstration of candidates for public tender in the education sector, in Benguela
Foto: Daniel Vasconcelos/DW

"Deve haver justiça"

Florença Lucundi, também presente na marcha, apelou ao pronunciamento da Ministra angolanda da Educação, Luísa Grilo.

"Foi a primeira vez que tive positiva das duas vezes que concorri ao concurso público no setor da Educação. E só vamos parar quando a nossa situação for resolvida. E o país tem verbas suficientes para nos enquadrar visto que o preço do barril do petróleo tem estado a subir. Então, deve haver justiça", conta.

Luacundi entende que esta situação pode comprometer o partido no poder, MPLA, nas próximas eleições gerais.

"Todos nós sabemos que o país não está bem em todos os setores (económico, social e político). Então, se isto continuar é claro que vamos votar num outro partido, queremos mudança", acrescenta.

"Queremos trabalhar"

Já o candidato Aldimiro Domingos, que não foi aprovado com a nota mínima de 10 valores, pede à ministra que se compadeça com aqueles "que têm vontade de trabalhar".

"Temos constatado que existem mais escolas do que hospitais. Nós somos jovens e temos muito desejo de trabalhar. Estamos indignados, clamamos e pedimos que pelo menos enquadra a juventude".

Aldimiro Domingos ressaltou ainda as palavras do Presidente da República, João Lourenço, no âmbito do encontro que manteve com a juventude em 2021.

"Na reunião de auscultação com a juventude alegava, categoricamente, que com positiva não se reprova. Porquê então essa atitude de má fé?", questionou-se o candidato.

  Demonstration of candidates for public tender in the education sector, in Benguela
Foto: Daniel Vasconcelos/DW

Mais esclarecimentos

Josias Belo, candidato e membro da organização da manifestação, entende que a ministra da Educação deve vir a público para esclarece a situação. O mesmo reitera que as manifestações só irão terminar quando Grilo se sentar com os candidatos "na mesma mesa".

Albino Elavoko, integrante do movimento revolucionário de Benguela e candidato ao concurso, mostra-se desgasto e questiona a sua competência.

"Seremos um sonho permanente na ministra, e não só na ministra como também no próprio Estado angolano. Quanto a isso, não sei se somos incompetentes ou a ministra da Educação, Luísa Grilo”.

De recordar que a última manifestação dos candidatos na província angolana, a 26 de fevereiro, foi frustrada pela Polícia Nacional. O ato culminou com a detenção de 11 indivíduos tendo a polícia utilizado o uso excessivo de força.  

Já este sábado, a polícia em Benguela prestou um "excelente trabalho" de acordo com a organização do evento.

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