1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Coligação de Venâncio Mondlane "desfalca" RENAMO e MDM

Sitoi Lutxeque (Nampula)
12 de junho de 2024

Em Nampula, cada vez mais membros de partidos trocam a sua formação política pela Coligação Aliança Democrática, de Venâncio Mondlane. A RENAMO e o MDM lideram a lista dos "desertores".

https://p.dw.com/p/4gxgl
Coligação de Venâncio Mondlane está a receber cada vez mais membros de outros partidos políticos em Nampula
Coligação de Venâncio Mondlane está a receber cada vez mais membros de outros partidos políticos em NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Na província moçambicana de Nampula, membros dos partidos Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Nova Democracia (ND) e Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO) abandonaram massivamente os seus partidos, nos últimos tempos, para se filiarem na Coligação Aliança Democrática (CAD), de Venâncio Mondlane.

A DW sabe que grande parte dos dissidentes são oriundos da RENAMO, como é o caso de Abdala Naize, que ingressou no partido em 1980. Ele está insatisfeito e decidiu deixar o partido, volvidos mais de 40 anos de militância.

Na sua opinião, a RENAMO transformou-se num "partido comercial". "O líder que está lá é um interveniente [amigo] da FRELIMO, e tudo que ele apanha na RENAMO vai entregar na FRELIMO. O que mais me deixou chateado são os acontecimentos de Alto-Molócuè, onde no lugar de congresso se transformou num evento comercial", acusa Naize.

MDM perde quadros seniores

O MDM também está a perder quadros seniores. Só até à semana passada, já tinha perdido cerca de 130 membros, segundo confirmaram os dissidentes. Uma delas é Luísa Marroviça, antiga delegada da cidade e membro do Conselho Nacional.

Novos membros são acolhidos na sede da CAD em Nampula
Novos membros são acolhidos na sede da CAD em NampulaFoto: Sitoi Lutxeque/DW

Ela justifica o seu divórcio com o partido liderado por Lutero Simango dizendo que, "antes de falecer Daviz Simango", o partido havia traçado projetos "que nos levariam a um bom porto".

"Mas", continua Luísa Marroviça, "depois fomos ver que a pessoa que o sucedeu não nos ajuda em nenhum momento, além de ausente. Então eu e algumas pessoas do partido decidimos renunciar ao partido e juntarmo-nos a uma causa que é a CAD".

Apoio à nova coligação

Já Filomena Mutoropa, secretária-geral do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), decidiu deixar a sua formação política à deriva para de forma individual apoiar e concorrer pela CAD.

Mutoropa ocupa a terceira posição na lista dos membros da Assembleia Provincial, uma lista liderada por Raul Novinte, antigo autarca de Nacala. Ela diz que não abandonou o seu partido, mas encontrou na CAD uma saída para libertar o país.

"Em princípio, sabe-se quais são os motivos, e são os mesmos que sempre dissemos, [a coligação], porque a pessoa que viajar sozinha não vai vencer as eleições [principalmente na oposição em Moçambique]. Enquanto há possibilidade de nos coligarmos, vamos fazê-lo para resolver os problemas do povo", frisa.

Venâncio Mondlane à DW: "Não sou vendedor de sonhos"

Entrada massiva de membros na CAD

Entretanto, os partidos MDM e RENAMO confirmaram a saída de alguns quadros, apesar de a maioria destes não ter formalizado ainda a sua renúncia como membro. Sem gravar entrevista, por exemplo, Américo Iemenle, delegado do MDM na cidade de Nampula, disse que essas perdas são ainda insignificantes, pois a sua formação política continua unida e coesa.

Por seu turno, a Coligação Aliança Democrática em Nampula, através do seu coordenador provincial, Castro Niquina, confirma a entrada massiva de membros de diferentes partidos e diz que continua ainda aberto para receber cidadãos e políticos comprometidos com a mudança governativa do país.

"O partido está a superar expetativas em termos de números. Há muita gente interessada em fazer parte do partido. Temos muitos membros agora provenientes de vários partidos políticos. Temos pessoas inclusive do partido FRELIMO que puderam apoiar as nossas candidaturas, no processo de recolha de assinaturas. Foram ao terreno, recolheram assinaturas e trouxeram-nos, e essas pessoas pediram para que pudéssemos proteger os seus nomes, e estamos a fazê-lo", conclui.

Mondlane: "É uma deliberação que fere a Constituição"