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Cinema africano é visto essencialmente fora de África

22 de novembro de 2011

O diretor do festival do filme documentário Dockanema e produtor moçambicano, Pedro Pimenta, esteve em Berlim para participar do festival Afrikamera, que exibe as novidades do cinema africano de Ouagadougou até Nairobi.

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A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, que deu o nome ao país do qual foi a primeira capital. Devido à sua história epatrimónio arquitetónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade
A Ilha de Moçambique é uma cidade insular situada na província de Nampula, que deu o nome ao país do qual foi a primeira capital.Foto: Ismael Miquidade

Ao Afrikamera, que decorreu na capital alemã de 16 a 20 de Novembro, Pedro Pimenta, trouxe duas produções moçambicanas: “Espelho Meu” e “A Ilha dos Espíritos”. Este último, realizado por Licínio Azevedo e produzido por Pimenta, conta a história da ilha de Moçambique.

“Apesar de a ilha ter cerca de 15 mil habitantes as pessoas ficam maravilhadas pela história da ilha através dos seus monumentos e esquecem-se das pessoas. Neste filme tenta-se dar voz a estas pessoas para que elas expliquem a relação que estabelecem com o espaço que habitam”.

O paradoxo do cinema africano

Devido à sua história e vasto património arquitetónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da Humanidade
Devido à sua história e vasto património arquitetónico, a Ilha foi considerada pela UNESCO, em 1991 Património Mundial da HumanidadeFoto: DW / Cascais

De acordo com Pedro Pimenta, a passagem por Berlim serviu também para abrir novos contatos. O produtor moçambicano criticou a situação do cinema africano, que para ele vive um paradoxo. “Porque é um cinema que tem um público, mas não tem mercado. Na maior parte dos países africanos não existem estruturas de distribuição ou difusão dos próprios filmes. Portanto, raramente os filmes são vistos pelo público local."

Por outro lado, no resto do mundo há certa curiosidade por aquilo que se faz em África e há muitos eventos que se dedicam ao cinema africano, ou que abrem espaço para obras do cinema africano. "Isso faz com que este produto acabe por ser visto essencialmente fora do seu território, no quadro da realização de festivais e não consiga atingir um público mais amplo”.

Balanço de 2011 e novidades do Dockanema em 2012

Plakat Dockanema, mosambikanisches Filmfestival in Maputo Wo: Maputo, September 2011
Imagem da sexta edição do Dockanema

Este ano, o Dockanema teve sua sexta edição em Maputo. O diretor do evento, Pedro Pimenta, faz um balanço positivo e revela as conquistas do Dockanema. “O festival existe, o que por si só é uma vitória. O festival encontrou seu público e gradualmente instalou-se na paisagem cultural de Moçambique. Portanto é esperado todos os meses de setembro, há uma certa expectativa e curiosidade sobre o que será apresentado. Também permitiu a criação de outras manifestações de difusão do cinema. Nos últimos seis anos, de nenhuma manifestação à volta do cinema, assiste-se cada vez mais à realização de outros eventos no resto do ano”.

Pedro Pimenta apontou também as fragilidades do festival. Segundo ele, há muitos desafios que precisam ser superados. “Ainda considero que estamos longe de, por um lado, termos atingido um grau de profissionalização do festival. Não só em relação à equipe que realiza o festival, mas em relação aos recursos técnicos que são necessários para garantir boas projeções. E também, o festival ainda não oferece aos profissionais do cinema o espaço onde possam profissionalmente serem confrontados com outros profissionais à volta de projetos concretos que possam ser desenvolvidos”.

Pedro Pimenta aproveitou a sua passagem por Berlim para antecipar os planos para a sétima edição, em 2012. Serás duas as temáticas centrais. “Uma relacionada com o cinema feito durante a luta de libertação nas antigas colónias portuguesas. Na verdade trata-se de aproveitar um trabalho imenso e belíssimo feito pelo Doclisboa que conseguiu juntar essa obra toda. Também fazer algo relacionado com o meio ambiente, por um lado porque nunca foi feito, segundo porque existe obra muito interessante à volta da temática, e terceiro porque é uma temática que cada vez mais existe no cotidiano dos moçambicanos. “

Autor: Cris Vieira (Berlim)
Edição: Helena Ferro de Gouveia / António Rocha