Cimeira Africana do Clima termina exigindo taxas e reformas
6 de setembro de 2023A declaração de Nairobi é o resultado de três dias de reuniões e debates. No final da Cimeira Africana do Clima, esta quarta-feira (06.09), os líderes africanos exigiram a criação de uma nova taxa de carbono global sobre o comércio de combustíveis fósseis, a aviação e os transportes marítimos.
O presidente do Quénia, William Ruto, fechou a cimeira afirmando que o continente africano assumiu "uma posição comum, que engloba a ambição para uma transformação socioeconómica e a agenda climática".
No discurso de encerramento da cimeira, Ruto destacou o "potencial africano de descarbonizar a economia global e estabelecer o padrão mundial de uma industrialização verde".
Durante a CAC, os líderes africanos desenvolveram a declaração de Nairobi, exigindo reformas às instituições financeiras internacionais, para ajudar a financiar a ação climática no continente. A declaração de Nairobi servirá como base para a posição conjunta africana de negociação na próxima conferência do clima, a COP28, em novembro e dezembro.
De acordo com o documento final, é necessário criar uma "arquitetura financeira" assente em financiamento acessível ou na reestruturação das dívidas públicas.
"Nós exigimos justiça e igualdade no acesso ao investimento necessário para desbloquear o potencial e traduzi-lo em oportunidades", explicou Ruto.
O Presidente do Quénia, país anfitrião da primeira edição da Cimeira Africana do Clima, acrescentou que os países africanos quererem "um plano de desenvolvimento financeiro justo" de forma a libertarem-se "de dívidas horrendas e barreiras a recursos financeiros". Durante a cimeira foram anunciadas ajudas no valor de 23 mil milhões de dólares, informou o chefe de Estado.
Posicionamento da ONU
António Guterres concorda com as exigências dos líderes africanos. O secretário-geral da ONU disse que "está na hora de unir os países africanos com os países desenvolvidos, as instituições financeiras e as companhias tecnológicas para criar uma verdadeira Aliança Africana de Energia Renovável".
Contudo, Guterres explicou que, para alcançar esta aliança, é preciso "reconhecer outra injustiça: um sistema financeiro mundial ultrapassado, injusto e disfuncional".
O secretário-geral da ONU salienta que o atual sistema financeiro internacional é injusto para com as economias em desenvolvimento e afirma que é necessário que "as instituições globais se cheguem à frente, garantam a representação africana e respondam às necessidades do continente".
"Em média, os países africanos pagam quatro vezes mais por empréstimos que os Estados Unidos e oito vezes mais que os países europeus", lamentou Guterres.
O representante da ONU acrescentou a urgência de "reformar o Conselho de Segurança" e garantir que África "consegue finalmente um lugar permanente" no órgão. "Não podemos conceber um mundo fraturado", rematou.