Chefe da diplomacia europeia encerra périplo africano
12 de setembro de 2022Na sua conta no Twitter, Borrell declarou que discutiu, neste domingo (11.09), com Hassan Sheikh Mohamud em Mogadíscio "a situação política e de segurança na Somália e os desafios humanitários", num país para o qual a ONU solicitou esta semana ajuda a fim de evitar uma possível fome nos próximos meses.
"Reconheci os esforços da nova liderança para avançar na construção do Estado em cooperação com os estados membros federais e para promover ainda mais os esforços de reforma económica", disse o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
"A UE está pronta a continuar o apoio multifacetado, adaptando-o aos desenvolvimentos", afirmou.
Borrell elogiou igualmente "os esforços somalis em matéria de segurança e defesa, incluindo o potencial para reforçar a cooperação com a EUNAVFOR", a força naval europeia que garante a segurança marítima nas águas ao largo do Corno de África.
Conflito armado
A Somália tem estado envolvida num conflito armado desde a queda do ditador Mohamed Siad Barre em 1991, que deixou o país sem governo efetivo e à mercê dos senhores da guerra e das milícias islâmicas como o Al Shebab, que está a combater o governo federal somali.
O Governo somali disse no domingo que "mais de cem" membros do grupo fundamentalista islâmico Al Shebab foram mortos em recentes operações antiterrorismo em várias partes do país.
Numa declaração, o executivo também disse que "20 localidades" foram apreendidas aos rebeldes nos estados de Galmudug (centro), Hirshabelle (sul) e Sudoeste (sul). As operações foram realizadas pelo Exército Nacional da Somália com o apoio das forças de segurança regionais e das comunidades locais, acrescentou a declaração oficial, sem especificar o período de tempo da ofensiva.
Apoio da UE
Desde 2007, a UE tem financiado a força da União Africana destacada na Somália para lutar, ao lado do exército somali, contra o Al Shebab, um grupo que se juntou à rede terrorista Al-Qaida em 2012 e controla as zonas rurais no sul e centro do país.
Entretanto, o gabinete do Presidente somali relatou no Twitter que Borrell e Mohamud "exploraram formas de reforçar os laços multifacetados e estratégicos entre os dois lados".
Na reunião, "discutiram também a colaboração com a União Europeia nas áreas da segurança marítima, democratização e política inclusiva, bem como o papel da UE no apoio à resposta da Somália aos desafios humanitários induzidos pelo clima e pela insegurança alimentar", acrescentou.
Périplo africano
Com a sua visita à Somália, Borrell terminou um périplo que também o levou a Moçambique e ao Quénia, na qual salientou que a UE é um "parceiro de confiança" para África face à Rússia, cuja guerra com a Ucrânia está a prejudicar o continente e o resto do mundo.
Em Moçambique, o também vice-presidente da Comissão Europeia reuniu-se na quinta-feira passada com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e salientou o apoio da UE à luta contra o terrorismo islâmico no norte do país.
No Quénia, o chefe da diplomacia europeia reuniu-se este sábado com o presidente eleito do Quénia, William Ruto, e destacou este país como uma "âncora de estabilidade" no instável Corno de África.
Borrell foi o primeiro líder ocidental a encontrar-se com Ruto, que prestará juramento na próxima terça-feira, após o Supremo Tribunal queniano ter validado na semana passada a sua vitória nas eleições presidenciais de 9 de agosto.