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"Cadogo" vai enfrentar a justiça quando regressar a Bissau

Darame,Braima19 de agosto de 2013

As autoridades judiciais da Guiné-Bissau anunciaram que a Justiça do país aguarda o regresso do antigo primeiro-ministro para ser interrogado sobre vários assassinatos ocorridos durante as suas duas legislaturas.

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Carlos Gomes Júnior, exilado em Portugal desde 2012, deverá ser chamado às instâncias judiciais assim que chegar a Bissau, por ser considerado suspeito em alguns assassinatos ocorridos no país entre 2005 e o ano passado, garantiu à imprensa o Procurador-Geral da República, Abdú Mané.

"Existem suspeitas fundadas do seu envolvimento no assassinato de Tagmé Na Waiég e do ex-presidente do Governo. E existem outros processos de gestão danosa", informou o Procurador-Geral.

Carlos Gomes Júnior, antigo primeiro-ministro, foi deposto num golpe militar em abril de 2012 e exilou-se em Portugal, onde anunciou no início do mês passado que pretende regressar à Guiné-Bissau e candidatar-se a Presidente da República nas eleições marcadas para 24 de novembro.

Morte de Hélder Proença e Iaia Dabó na origem dos processos

Abdú Mané afirmou que a decisão de levar Cadogo, como é conhecido Carlos Gomes Júnior no país, à barra da Justiça guineense não está relacionada com perseguição política.

"Iaia Dabó foi barbaramente assassinado nas portas do Ministério do Interior. Isto é perseguição política? A morte de Hélder Proença não pode ser investigada? A morte de Baciro Dabó não pode ser investigada? As pessoas querem ou não combater a impunidade?", questiona o Procurador-Geral da República.

Em outubro de 2012, o Ministério Público da Guiné-Bissau enviou às autoridades portuguesas uma carta rogatória pedindo que Carlos Gomes Júnior viajasse até Bissau para ser ouvido no âmbito do processo da morte de Hélder Proença, assassinado em 2009.

Apesar de notificado em Lisboa, o político guineense nunca se dispôs a responder em Bissau, por considerar não estarem reunidas todas as condições de segurança.

Autoridades aguardam regresso de "Cadogo"

Questionado sobre o tema, o presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pede apenas que a lei seja cumprida no país.

"Não se pode coabitar num procedimento democrático com um sistema de ditadura. O cumprimento da lei é imperioso", comentou.

Segundo Saido Baldé, depois da primeira carta rogatória, foi enviada uma segunda nota, a pedido do Ministério Público, para saber o porquê da demora do primeiro-ministro deposto em comparecer ao interrogatório. As autoridades de Bissau continuam à espera de uma resposta.

De acordo com as autoridades judiciais, o primeiro-ministro deposto deverá ser interrogado pelo Ministério Público assim que regressar ao país.