Cabo Verde promete cumprir Objetivos do Desenvolvimento
21 de outubro de 2017O Primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, presidiu esta sexta-feira (20.10) a cerimónia de encerramento do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, reafirmando o engajamento do país com o desenvolvimento local. O primeiro-ministro garantiu que Cabo Verde vai atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas até 2030.
"Estamos alinhados com os Objetivos. Já temos o nosso plano estratégico de desenvolvimento sustentável para ser aprovado nos próximos dias. O Orçamento de 2018 vai espelhar esse alinhamento. Agora, é termos toda a mobilização social, económica e política para conseguirmos atingir esses objetivos no horizonte de 2030", declarou Ulisses Correia e Silva.
O Governo moçambicano esteve representado no fórum pelo vice-ministro do Trabalho, Oswaldo Petersburgo, que defendeu a necessidade de se dar mais atenção aos países mais pobres.
"A direção do desenvolvimento económico local só vai melhorar se tivermos uma outra narrativa a este respeito, em que é possível fazer transferências de tecnologia e haver mais acesso a investimentos estrangeiros para os países em desenvolvimento", afirmou. "Viemos aqui expôr nossas prioridades, nomeadamente, agricultura, infraestruturas, energia e turismo e, obviamente, mostrar que a África está unida para o desenvolvimento", acrescentou.
Esta foi a primeira vez que o Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local se realizou no continente africano, fato realçado pelo ministro de Estado e Desenvolvimento Económico e Social de Angola, Manuel José Nunes Júnior.
"É um ato de extrema importância para Cabo Verde, em primeiro lugar, e, depois, para o continente africano por ter tido em Cabo Verde o país escolhido e com as características requeridas para organizar um evento de tão grande importância. Para terem um desenvolvimento equilibrado e harmonioso, os países precisam ter um bom desenvolvimento local ao nível das autarquias e municípios", sublinhou.
A Coordenadora Nacional do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local, Francisca Santos, espera que os resultados do encontro da Praia não fiquem só no papel e que todos assumam o desenvolvimento económico local no seu dia-a-dia.
"Eu espero que este fórum ajude a mudar o paradigma do desenvolvimento local em Cabo Verde e que, a partir de agora, se amplie a visão. O desenvolvimento económico local não é uma responsabilidade exclusiva do poder local e deve ser um trabalho conjunto e colaborativo", disse. "Esperemos que a partir deste fórum possamos introduzir na agenda do dia esta abordagem em que todos os agentes do território local são chamados para participar no processo."
Declaração da Praia
Os delegados presentes no evento reconheceram ser "urgente" incluir a perspetiva de género nas políticas e estratégias "para capacitar e aproveitar o potencial económico das mulheres e meninas como base de um desenvolvimento económico local inclusivo e sustentável", lê-se na Declaração da Praia do IV Fórum Mundial de Desenvolvimento Económico Local.
O documento com 12 recomendações foi o principal resultado do fórum decorrido em Cabo Verde. Na declaração, os delegados reconheceram igualmente o "papel transformador" do setor privado, especialmente as Pequenas e Médias Empresas (PME), para possibilitar parcerias e sinergias para a implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
A necessidade de "coalizões mais fortes" entre atores e associações da sociedade civil para permitir processos de governança "totalmente participativos" e a corresponsabilização na elaboração de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável estão entre as recomendações.
Os delegados querem que o desenvolvimento económico local transmita uma perspetiva integrada para resolver situações de crises diárias mais complexas, tendo também instituições fortes e inclusivas que promovam a paz e o desenvolvimento sustentável.
Foram quatro dias de intensos debates, iniciados na última terça-feira (17.10). Foram 50 sessões com painéis de alto nível e interactivos, diálogos políticos, inúmeros encontros bilaterais e sessões plenárias que contaram com a participação de 190 conferencistas. Ao todo, estiveram presentes 2.800 pessoas de 85 países. A organização do evento estima um impacto financeiro de cerca de 600 mil euros para a economia local.