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Cabo Verde - Eleições em aberto

4 de fevereiro de 2011

Na falta de sondagens fiáveis, os observadores não conseguem apontar uma tendência clara nas eleições legislativas que se realizam em Cabo Verde no domingo, dia 6 de fevereiro.

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O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, lidera a campanha do seu partido, o PAICV
O Primeiro-Ministro, José Maria Neves, lidera a campanha do seu partido, o PAICVFoto: Nelio dos Santos

Chegado o fim da campanha, continua a ser pouco claro quem sairá vencedor das eleições parlamentares em Cabo Verde. O problema é que não há sondagens fiáveis que possam servir de barómetro, porque o Código Eleitoral cabo-verdiano impõe restrições rigorosas à sua divulgação. A única certeza no país profundamente dividido é que o vencedor será um dos dois grandes partidos políticos, o Partido Africano de Independência de Cabo Verde. (PAICV) ou o Movimento pela Democracia (MpD).

Tudo indica que a disputa vai ser acirrada. A incógnita deverá manter-se até aos instantes finais e o resultado de domingo vai ser decidido pelos jovens e indecisos entre os 290.000 eleitores no país e no estrangeiro, que deverão escolher os 72 deputados da Assembleia Nacional. Cientes da situação, os partidos políticos esforçam-se particularmente por angariar as simpatias da juventude. O que explica a presença de mais jovens nas listas eleitorais, em detrimento da velha guarda.

Um mercado em Assomada, Santiago
Um mercado em Assomada, SantiagoFoto: Reategui

Assim, o primeiro-ministro José Maria Neves, que lidera o PAICV, reuniu-se com os jovens universitários para lhes prometer que, se o seu partido for reconduzido, haverá mais bonificação de juros e o alargamento do prazo para a amortização de empréstimos para bolsas de estudos. Trata-se de um investimento resultante da estratégia de transformação do país, que necessita de quadros altamente especializados nos sectores-chave como a hotelaria, a gastronomia e o turismo. José Maria das Neves acrescentou: "Sabemos que há estudantes cujos pais têm condições para custear os estudos e outros que não. Tem de haver mecanismos fáceis de acesso à bolsa". Para este "o Governo está a negociar com os bancos comerciais empréstimos com juros baixíssimos e prazos de amortização dilatados", concluiu.

Também o presidente do MpD, Carlos Veiga, fez questão em manter encontros directos com a juventude cabo-verdiana, à qual prometeu "pelo menos" 30.000 novos postos de trabalho nos próximos cinco anos, a duplicação das bolsas de estudo concedidas atualmente e a luta contra a pobreza: "Vamos ajudar todos os necessitados sem discriminação e recuperar as suas habitações para poderem viver com segurança e dignidade".

Um tema que dominou esta campanha eleitoral foi os apagões constantes da eletricidade em Cabo Verde. Carlos Veiga prometeu resolver o problema, mas o seu principal rival, José Maria Neves, foi mais longe, anunciando no comício que encerrou a campanha em São Vicente na sexta-feira, dia 4 de fevereiro, a privatização da empresa de água e energia, Electra, e da transportadora aérea nacional, a TACV, no próximo mandato.

O turismo é uma das grandes apostas económicas do arquipélago
O turismo é uma das grandes apostas económicas do arquipélagoFoto: PA/dpa

Os restantes partidos apostaram, sobretudo, nos contactos diretos com a população. Embora com muito menos meios e aglomerações do que os dois maiores partidos, a União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) e o Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS) empenharam-se na campanha. O PTS mostrou-se um defensor acérrimo da regionalização do país, o Partido Social Democrata (PSD) advogou uma mensagem de esperança e de renovação do sistema político cabo-verdiano e a UCID prometeu lutar contra a bipolarização partidária no país. Os observadores não crêem, no entanto, que os esforços dos partidos mais pequenos se traduzam por uma maior dispersão dos votos.

Nas legislativas de 2006, o PAICV venceu com 52,38 por cento dos votos, obtendo 41 deputados, seguindo-se o MpD com 44,02 por cento, conseguindo 29 deputados e a UCID com 2,64 por cento, elegendo dois deputados, tendo a abstenção atingido o valor mais alto de sempre - 45,8 por cento.

Autor: Nélio dos Santos/Cristina Krippahl

Revisão: Marta Barroso