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Boas notícias para a economia africana

Vieira Cristiane20 de junho de 2013

A economia africana está crescendo e a previsão é que melhore ainda mais, constatou a edição 2013 do Panorama Econômico Africano, lançado esta quarta-feira (19.06) em Berlim, na Alemanha.

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Os bons resultados puderam ser observados graças aos recursos naturais mas ainda assim, as economias baseadas em commodities (bens fungíveis) correm riscos. Por isso, a recomendação é investir na diversidade de produtos.

O relatório é uma publicação conjunta do Banco Africano de Desenvolvimento, o Centro de Desenvolvimento OECD, e o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas.

O problema da dependência

O Produto Interno Bruto (PIB) no continente africano cresceu 6,6% em 2012. A previsão para este é um crescimento de mais 4,8% e para 2014, 5,3%.

De acordo com o Panorama Econômico Africano 2013, os quatro fatores que formam o alicerce das economias africanas são a demanda de consumo, o preço dos commodities dos produtos, a crescente influência dos investimentos estrangeiros e as remessas de dinheiro feitas por africanos vivendo fora de seus países, explicou Anthony Musonda Simpasa, economista do Banco Africano de Desenvolvimento.

Os produtos que geram commodities, como petróleo, diamantes e carvão, são considerados a maior força das economias africanas. Entretando, eles oferecem constantes riscos, explica o economista.

"Esses recursos naturais dependem das circunstâncias da economia mundial. Então, se houver baixa demanda por commodities e os preços caírem, significa que esses países que dependem dos commodities também irão experimentar uma contração em suas receitas. Eles irão exportar menos, mas também em termos de taxas haverá uma contração que poderia criar um grande déficit", esclarece Simpasa.

A solução na agricultura

O relatório, lançado anualmente, tem em 2013 o tema "Transformação Estrutural e Recursos Naturais". Segundo Jan Rieländer, economista do Centro de Desenvolvimento OECD e autor principal do documento, o tema se traduz numa série de recomendações sendo a diversificação da paleta de produtos a principal delas. "Por transformações estruturais entendemos o desenvolvimento de novas atividades econômicas e o movimento dos trabalhadores das velhas para estas novas atividades econômicas. Transformações estruturais descrevem os processos de desenvolvimento numa economia", defende Rieländer.

Por isso, há a necessidade de diversificar a oferta de recursos naturais para superar a dependência de commodities específicos. Para Rieländer, a agricultura, tão esquecida por muitos governos, seria uma forte aliada para a consolidação de economias realmente sólidas.

Ele conta que a maioria da população, em muitos países africanos, trabalha na agricultura, mas muitos políticos colocaram a agricultura em desvantagem. "As estradas e os fertilizantes não estão lá, há uma série de problemas. O que dizemos é: invista primeiro no ponto forte do seu setor de recursos naturais e isto irá gerar aprendizado e novas capacidades", explica o economista do Centro de Desenvolvimento OECD.

Situação nos Palops

De acordo com o Panorama Econômico Africano 2013, São Tomé e Príncipe enfrenta restrições geográficas que condicionam o desenvolvimento.

Em 2012, o PIB da Guiné-Bissau teve queda de 1,2%, devido a instabilidade gerada pelo golpe de Estado. Entretanto, a previsão é de crescimento em todos os Países Africanos de Língua Portuguesa.

Angola e Moçambique estão entre as dez economias que crescem mais rapidamente no continente africano. Em 2012, o PIB angolano cresceu 7,9% e a previsão é de que cresça mais 8,2% este ano.

Já Moçambique registrou um crescimento de 7,4% no PIB no ano passado e espera-se que cresça mais 8,5% este ano.

Cabo Verde permanece um modelo em direitos políticos e liberdades civis na África.

O que a população ganha com isso?

Rieländer lamenta que os dados positivos constatados não se tenham convertido em benefícios para a maioria das populações africanas.

"A redução da pobreza é muito boa para o crescimento, porque cria uma classe de pessoas com mais dinheiro para gastar e poupar. Quanto mais pessoas estiverem bem economicamente, melhor será o desempenho econômico geral por meio das ligações entre consumo, poupança e investimentos", esclarece.