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Polícia investiga morte de ex-deputado da RENAMO raptado

Bernardo Jequete (Manica)
29 de dezembro de 2020

As autoridades de Manica ordenaram a exumação, para perícia, do corpo de Sofrimento Matequenha, encontrado morto uma semana depois do rapto. Corpo foi descoberto por camponeses numa região de forte presença militar.

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Foto: DW/B.Jequete

"Há um trabalho de coordenação em curso entre a Polícia da República de Moçambique (PRM) e a família com vista a proceder à exumação deste corpo, para um trabalho de perícia", disse esta segunda-feira (28.12) Mário Arnaça, chefe do departamento de Relações Públicas da PRM em Manica. Não foi ainda divulgada a data para a exumação.

A família do ex-deputado e antigo delegado político da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), raptado a 13 de dezembro, na sua residência, diz ter recebido a denúncia sobre a morte de Sofrimento Matequenha numa mata em Gondola, província de Manica, centro de Moçambique.

Um dos filhos de Sofrimento Matequenha disse que o corpo do pai foi descoberto por camponeses, no final da semana passada, e que na região há uma forte presença das Forças de Defesa e Segurança (FDS).

Mosambik Entführung Sofrimento Matequenha
Sofrimento Matequenha foi raptado na sua residência, em Chimoio, a 13 de dezembroFoto: Bernardo Jequete/DW

A PRM em Manica confirmou que foi encontrado um corpo numa mata, em Pinanganga, distrito de Gondola, "numa área de maior circulação de homens armados da junta militar da RENAMO", que foi sepultado no local devido o seu estado de decomposição.

"Há um trabalho de perícia que está sendo levado a cabo pelo SERNIC [Serviço Nacional de Investigação Criminal], em coordenação com a PRM, para apurarmos se de facto este corpo pertence a Sofrimento Matequenha ou não para depois seguirmos com outros passos subsequentes da investigação deste caso", declarou Mário Arnaça.

Família pede apoio da polícia para recuperar corpo

A família do antigo delegado político da RENAMO quer o apoio da polícia para se deslocar ao local para recuperar o corpo e realizar um funeral condigno.

"Pedimos a quem de direito para nos ajudar a chegar até à zona onde foi enterrado para levarmos o corpo", para "fazer cerimónias fúnebres normais", disse um dos filhos de Sofrimento Matequenha. "Temos medo de seguir até lá sem a polícia", diz, apelando às autoridades que os ajude "a chegar até lá com segurança e ajudar a desenterrar o corpo" para o trazer para casa.

"Estamos com medo de verdade de percorrer essa via porque há Forças de Defesa naquela zona de tumultos e qualquer um é suspeito", em tempos de tensão, lembra.

A PRM confirma que se trata de "uma zona de confrontos armados", mas "toda a segurança está sendo garantida pela polícia para que esse trabalho corra sem nenhum sobressalto", assegura Mário Arnaça:

"Há fortes indícios de que os raptores pertençam à Junta Militar da RENAMO. As Forças de Defesa e Segurança estão naquele território devido à movimentação acentuada que está a registar dos homens armados da Junta Militar para garantir a ordem e segurança públicas", esclareceu o chefe do departamento de Relações Públicas da PRM em Manica.

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