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CriminalidadeMoçambique

Auditor vai avaliar dinheiro ilícito devolvido por Jersey

Lusa
18 de junho de 2024

Um auditor independente vai elaborar um relatório sobre a utilização por Moçambique de 965 mil euros de subornos apreendidos pelo bailiado de Jersey, Reino Unido, segundo memorando de entendimento

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Banknoten von König Charles III.
Foto: Bank of England/AP/picture alliance

A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique indicou em maio que o bailiado de Jersey, no Reino Unido, devolveu 829.500 libras (965 mil euros) depositados numa instituição fiduciária em Jersey pelo cidadão moçambicano Carlos Fragoso, que tinha recebido pagamentos de suborno quando ocupava cargos públicos no setor de estradas.

De acordo com o memorando de entendimento que viabilizou a restituição do dinheiro, a PGR de Moçambique deve apontar um auditor independente para elaborar um relatório sobre as atividades que serão financiadas com as verbas apreendidas.

"O auditor independente será contratado pela autoridade responsável pela implementação, no Governo da República de Moçambique, para elaborar um relatório sobre a utilização dos ativos confiscados", lê-se no memorando.

Honorários pagos com dinheiro confiscado

O relatório final sobre os gastos suportados pelos ativos confiscados deve ser elaborado num prazo de três meses, após a utilização dos recursos, indica o memorando. Os "honorários razoáveis do auditor independente serão pagos pelos ativos confiscados", diz o memorando.

Para garantir a transparência e partilha de informação, as partes signatárias terão acesso a todos os documentos relacionados com a execução dos projetos acordados no memorando e financiados pelo dinheiro confiscado, que estão relacionados com o combate à criminalidade financeira.

No memorando, refere-se que 95% do valor confiscado será utilizado no desenvolvimento e expansão do Gabinete Central de Recuperação de Ativos, Gabinete Central de Combate à Corrupção e do Gabinete de Gestão de Ativos da República de Moçambique.

A PGR deve indicar um auditor independente para elaborar um relatório sobre as atividades que serão financiadas com as verbas apreendidas
A PGR deve indicar um auditor independente para elaborar um relatório sobre as atividades que serão financiadas com as verbas apreendidasFoto: Roberto Paquete/DW

Uma percentagem de cerca de 7% dos ativos confiscados será utilizada pela PGR para reforçar a capacidade dos magistrados do Ministério Público e dos agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) no tratamento de matérias relativas à cooperação internacional na área penal, através de uma formação de cinco dias, para 60 formandos das 11 províncias de Moçambique.

 De acordo com o memorando, uma parcela de 1% será destinada ao pagamento dos custos associados ao trabalho do auditor independente contratado para a elaboração de um relatório sobre a utilização dos ativos confiscados.

Quem foi Carlos Fragoso?

Durante a sua carreira, Carlos Fragoso ocupou vários cargos de alto nível, incluindo a Direção Nacional de Estradas e Pontes e a presidência da Administração Nacional de Estradas, recorda a PGR.

Jersey é a maior das chamadas Ilhas do Canal, uma dependência do Reino Unido entre Inglaterra e a França.

 "Carlos Fragoso depositou fundos na Tolvex Trust, em 1996, afirmando que era um engenheiro civil que procurava beneficiar a sua família com as poupanças dos seus rendimentos anteriores (...) Em 2013, o Tribunal Real descobriu que Fragoso tinha criado uma outra instituição fiduciária em Jersey, usando a mesma farsa em relação ao seu emprego e fontes de rendimentos", descreve a PGR.

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