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Ativistas detidos em Bissau "foram torturados"

Djariatú Baldé
21 de maio de 2024

Liga Guineense dos Direitos Humanos denuncia que ativistas detidos durante protesto de sábado contra Presidente Sissoco Embaló estão a ser torturados na prisão. Ativista Armando Lona precisará de ajuda médica urgente.

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Manifestantes em Bissau  no último sábado (18.05)
Manifestantes em Bissau no último sábado (18.05)Foto: DW

A denúncia é da Liga Guineense dos Direitos Humanos: Os manifestantes detidos no sábado (18.05) estão a ser torturados nos calabouços em Bissau.

Armando Lona, o principal rosto dos protestos contra o regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló, estará a precisar de assistência médica urgente, mas ainda não há autorização para tal, disse à DW o presidente da organização.

"Nós temos conhecimento que as pessoas detidas foram torturadas e que o caso de tortura de Armando Lona foi brutal. Ele precisa de assistência médica. Portanto, exigimos ao Governo e ao Ministério Público que abram uma investigação e responsabilizem criminalmente os autores deste ato", apela Bubacar Turé.

Ativista da Frente Popular, Armando Lona, o principal rosto dos protestos contra o regime do Presidente Umaro Sissoco Embaló
Ativista da Frente Popular, Armando Lona, o principal rosto dos protestos contra o regime do Presidente Umaro Sissoco EmbalóFoto: Iancuba Dansó/DW

"Sequestrados pelo Estado"

Nove dos 93 detidos nos protestos de sábado continuam na prisão. Os que foram libertados estão a partilhar fotos nas redes sociais mostrando sinais de tortura. Até agora, as autoridades não se pronunciaram sobre o que terá acontecido. A DW contactou o Ministério do Interior, mas não foi possível obter uma reação.

Bubacar Turé considera que, neste caso, tem havido grosseiras violações dos direitos humanos: "Todos os prazos legais foram ultrapassados e, infelizmente, até esta altura, essas pessoas não foram apresentadas ao Ministério Público e não foram libertadas, o que significa que, do ponto de vista legal, elas estão sequestradas pelo Estado da Guiné-Bissau", disse.

"Nós continuamos a exigir a libertação imediata e incondicional dessas pessoas, porque não cometeram nenhum crime", insistiu Turé.

Bissau: Sociedade civil diz "basta ao regime ditatorial"

Letargia dos partidos políticos

No sábado, organizações da sociedade civil tentaram protestar na rua para exigir a reabertura do Parlamento, a restituição do Governo saído das últimas eleições legislativas e o "restabelecimento pleno" do Estado de Direito democrático.

Os partidos com assento parlamentar não participaram nos protestos. Limitaram-se a condenar a repressão, através de comunicados de imprensa.

Para o analista político Tamilton Teixeira, é inexplicável a aparente letargia de partidos como o PAIGC, o PRS ou o MADEM-G15 por serem os visados políticos do regime que consideram ser ditatorial e antidemocrático.

"A atitude e o comportamento político é que provocaram a crise social que se vive e que tem impactado todos os setores. Por isso é que a sociedade civil se viu na obrigação de se revoltar contra o regime atual", afirma Teixeira. "Agora, os partidos políticos devem assumir as suas responsabilidades e sair dos discursos, que são por vezes extemporâneos".

Tamilton Teixeira também critica a atuação da comunidade internacional face à crise política na Guiné-Bissau: "A comunidade internacional tem falhado com a Guiné-Bissau de uma forma inaceitável. Ninguém compreende o que faz o PNUD [Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento] na Guiné-Bissau quando as pessoas foram reprimidas até diante das portas da ONU", questiona.